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Ex-integrantes do CQC negam responsabilidade pela ascensão de Bolsonaro à presidência

Ex-integrantes do CQC negam responsabilidade pela ascensão de Bolsonaro à presidência

Em respostas unânimes, equipe histórica do programa atribui fenômeno político aos eleitores, não ao humor.

Redação
Redação

8 de dezembro de 2025 ·

Em resposta direta a uma acusação que circula desde 2018, ex-apresentadores, repórteres e roteiristas do extinto programa "CQC" (Custe o Que Custar) negaram, de forma unânime, qualquer responsabilidade pela projeção que levou Jair Bolsonaro à Presidência da República. As declarações foram colhidas pelo colunista e ex-integrante do programa, Oscar Filho, após polêmica nas redes sociais.

A discussão foi reacendida na sexta-feira, 5 de dezembro, após declarações de Flávio Bolsonaro sobre sua possível candidatura. Críticos e alguns analistas repetiram a tese de que o programa de humor, ao dar espaço ao então deputado, teria sido crucial para sua popularização. Os ex-membros do "CQC", no entanto, rejeitam essa visão de forma categórica.

Exposição como alvo, não como apoio

As respostas, publicadas sem edição, destacam que a aparição de Bolsonaro no programa seguiu a mesma linha aplicada a outros políticos: a de alvo de críticas e ironias. "Nunca, em nenhum momento, enaltecemos nenhum deles", afirmou um ex-integrante, que também ressaltou: "O programa nunca foi campeão de audiência, e já estava morto por 3 anos quando Bolsonaro foi eleito".

Outra resposta comparou a situação à eleição do deputado Tiririca: "O CQC é responsável pela ascensão do Bolsonaro tanto quanto o circo é responsável pela eleição do Tiririca". A visão predominante é que Bolsonaro era retratado como uma figura bufão, que "nunca deveria ser levado a sério".

Fenômeno atribuído ao eleitorado e ao contexto político

Para os entrevistados, a explicação para a eleição de 2018 é mais complexa e está enraizada no cenário político nacional. "Bolsonaro e o bolsonarismo foram uma construção dos próprios eleitores", argumentou Oscar Filho em sua coluna. Um ex-roteirista ecoou: "Quem elegeu o Bolsonaro foram os milhões de brasileiros que simpatizam com o populismo de extrema-direita".

Outro ponto levantado foi o contexto histórico da carreira política de Bolsonaro, que já era deputado federal há décadas quando o "CQC" começou. "Há quantos anos o Bolsonaro já era deputado federal em exercício com sucessivos mandatos?", questionou um respondente, sugerindo que a sociedade estaria buscando um "culpado" para uma escolha coletiva.

Ironia do desfecho e rejeição da simplificação

Vários ex-membros fizeram referência a um ponto irônico: se o programa fosse responsável pela ascensão, também deveria ser creditado pela queda. "No fim da sequência dos fatos o CQC acabou levando o Bolsonaro à prisão. Isso ninguém vai reconhecer, né?", destacou um deles, em referência a reportagens do programa que teriam contribuído para investigações.

A tese foi considerada "simplista" e uma "pretensão" sobre o poder da TV. "Seria muita pretensão acreditar que um programa de TV, por mais relevante que fosse, tinha esse poder", disse um ex-participante. Outro concluiu: "Era um Brasil que tava no armário e saiu. Certamente é um problema do nosso país e não culpa de um programa de TV".

Consenso e contexto futuro

O resultado da consulta foi descrito como um "CQC 9 x 0 Teoria da Responsabilidade". Nenhum dos ex-integrantes consultados atribuiu ao programa a responsabilidade pela vitória eleitoral de Bolsonaro. O consenso aponta que, enquanto o "CQC" forneceu exposição, a conversão dessa visibilidade em votos foi um fenômeno social e político independente.

O debate surge em meio a rumores de um possível retorno do programa à Band em 2026, ano eleitoral. A discussão sobre o legado e a influência da mídia de entretenimento na política brasileira, no entanto, permanece aberta, com os criadores do conteúdo rejeitando um papel decisivo na trajetória do ex-presidente.

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