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Gilmar Mendes altera regras para impeachment de ministros do STF em decisão monocrática
Política

Gilmar Mendes altera regras para impeachment de ministros do STF em decisão monocrática

Presidente do Senado, Davi Alcolumbre, reage e ameaça avançar projetos que limitam poder do Supremo.

Redação
Redação

4 de dezembro de 2025 ·

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou em decisão monocrática que pedidos de impeachment de integrantes da Corte só podem ser apresentados com manifestação do procurador-geral da República. A medida, tomada na quarta-feira (3), suspende trecho de uma lei de 1950 que permitia a qualquer cidadão dar entrada no processo, que poderia ou não ser analisado pelo Senado.

A reação do Congresso foi imediata. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), declarou na quinta-feira (4) que a Casa não aceitará a perda dessa prerrogativa e sinalizou que pode tirar da gaveta projetos que dificultam decisões monocráticas e facilitam a remoção de ministros do STF.

Reação do Congresso e guerra de poderes

Em discurso na tribuna, Alcolumbre mostrou irritação não apenas com a decisão do STF, mas também com críticas da base governista ao Legislativo. “Gilmar pode vir quente que ele e os pares estão fervendo”, afirmou o senador, referindo-se aos outros parlamentares. Ele defendeu o avanço de duas propostas paradas: um projeto de lei que facilita o impeachment de ministros do STF e uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita decisões monocráticas da Corte.

Um dos projetos tem autoria do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado desde 2023. A PEC correspondente também aguarda análise. Caso aprovadas, as medidas neutralizariam os efeitos da decisão de Gilmar Mendes.

Contexto político e alianças abaladas

Analistas apontam que a decisão do ministro Gilmar Mendes é uma antecipação à mudança na correlação de forças no Senado a partir de 2027, quando bolsonaristas projetam eleger mais representantes. A medida, que precisa ser referendada pelos demais ministros do STF, tira do Congresso uma ferramenta considerada poderosa.

A relação entre Alcolumbre e o governo Lula, outrora próxima, está estremecida. O presidente do Senado é abertamente contra a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga de Luís Roberto Barroso no STF, preferindo o aliado Rodrigo Pacheco. O presidente Lula insiste na sua prerrogativa de indicar.

Alcolumbre lembrou que, durante a transição entre os governos Bolsonaro e Lula, foi um dos articuladores da PEC que garantiu recursos orçamentários para o novo governo em 2023. “Não fez isso por boa vontade, mas certamente por um acordo”, contextualiza a reportagem.

Base ampla de apoio no Senado

Na reação à decisão do STF, Alcolumbre não está isolado. Até senadores da base governista, como o conterrâneo Randolfe Rodrigues (PT-AP), demonstraram descontentamento com a interferência do Supremo em uma prerrogativa do Congresso. A decisão de Gilmar Mendes uniu diferentes espectros políticos no Senado em defesa das atribuições da Casa.

Como presidente do Senado, Alcolumbre detém o poder de pautar ou arquivar proposições, podendo, assim, “emparedar o governo e a Suprema Corte a qualquer momento”, conforme análise do contexto político. A disputa acentua um conflito institucional entre os Poderes.

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