A Polícia Federal descobriu que os 556 kg de cocaína apreendidos em um caminhão de melancia em Fátima (TO) em abril de 2025 estão ligados a uma facção criminosa com atuação em São Paulo e Goiás. Segundo inquérito da PF, a droga apresentava as mesmas características de outras duas grandes apreensões no estado, indicando origem internacional.
A Justiça do Tocantins acolheu as denúncias e nove suspeitos se tornaram réus por tráfico internacional de drogas. O esquemo utilizava pistas clandestinas no estado para receber a droga, que era armazenada em Porto Nacional antes de ser distribuída para outros estados.
Estrutura criminosa com funções definidas
O inquérito apontou que os investigados organizavam o transporte de grandes remessas com divisão clara de tarefas. Raimundo Alves Lima, conhecido como "Pedão", foi identificado como o suposto chefe regional do esquema. Seu filho, Jackson Costa de Miranda, também estava envolvido nas operações.
Durante buscas, a PF encontrou cinco cadernos com anotações manuscritas contendo registros financeiros detalhados, incluindo valores pagos e a receber, quantidades em quilogramas e nomes de pessoas envolvidas nas transações.
Conexão com outras apreensões
A droga apreendida no caminhão de melancia tem relação com pelo menos outras duas grandes apreensões no Tocantins. Em fevereiro de 2025, 470 kg de cocaína e 800g de haxixe foram encontrados em um avião em Marianópolis. Em maio de 2024, outra aeronave em pista clandestina em Pindorama transportava 470 kg da mesma substância.
Laudo pericial concluiu que a cocaína não foi manipulada no Brasil e provavelmente entrou no país pelo modal aéreo, vindade da Bolívia, Colômbia ou Peru. Todos os 18 fardos apreendidos estavam envelopados em sacos plásticos verdes ou transparentes com fitas adesivas de origem estrangeira - característica idêntica nas três apreensões.
Esquema armado e envolvimento policial
Além do transporte de drogas, a PF identificou que o grupo atuava fortemente armado com apoio de três pessoas especializadas em obter armamentos. Entre eles está o policial civil Francisco Eduardo Alencar Aguiar, acusado de falsidade ideológica ao registrar falsas declarações de perdas de armas de fogo.
A Secretaria da Segurança Pública do Tocantins informou que o caso do policial está sendo acompanhado pela Corregedoria-Geral e que "serão tomadas todas as providências administrativas cabíveis".
Rota internacional e destino final
Conforme o inquérito, a droga era levada para Porto Nacional para armazenamento e depois encaminhada por terra para algum ponto de exportação brasileiro. O documento apontou que a cocaína sairia do porto de Belém (PA) com destino à Hong Kong, na China.
O promotor Breno Simonassi afirmou que "estamos falando de uma organização criminosa muito bem articulada, muito bem preparada, que utilizava-se de pistas clandestinas do nosso estado". Esta é a maior apreensão de cocaína dos últimos 15 anos no Tocantins.
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