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Anciã Karajá que estampou cédula de mil cruzeiros morre aos 100 anos no TO
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Anciã Karajá que estampou cédula de mil cruzeiros morre aos 100 anos no TO

Pajé dedicou vida a tratamentos tradicionais com raízes e era guardiã de saberes indígenas

Redação
Redação

19 de agosto de 2025 ·

Djidjuke Karajá, anciã indígena que estampou cédula de 1 mil cruzeiros em edição especial de 1990, morreu aos 100 anos em 11 de agosto de 2025. A pajé da aldeia Hãwalo, em Santa Isabel do Morro (TO), faleceu na Ilha do Bananal sem que a causa da morte fosse divulgada.

A indígena era reconhecida como guardiã dos saberes tradicionais do povo Karajá e dedicou sua vida a tratamentos medicinais com raízes. Desde criança, foi submetida a ritual que a tornou pajé, segundo relatos familiares.

Legado de sabedoria tradicional

Djidjuke Karajá dominava múltiplos saberes indígenas, incluindo cerâmica, artesanato, confecção de adornos rituais e produção das Ritxoko (bonecas Karajá). A parente que preferiu não se identificar destacou que "ela sabia desde cerâmica, artesanato, os adornos de uso principal nos rituais".

A anciã aprendia sobre raízes medicinais desde jovem e recebia pessoas em sua casa para tratamentos tradicionais. Ela mesma coletava as ervas necessárias no mato, mantendo viva a medicina ancestral Karajá.

Homenagem nas cédulas brasileiras

Em 1990, Djidjuke foi uma das mulheres indígenas homenageadas em edição limitada das notas de 1.000 cruzeiros, ao lado de Koixaru Karajá. A pintura facial que usava na imagem tornou-se sua marca registrada - conforme explicou familiar, "quando as pessoas viam a pintura já sabiam, ah, é a Djidjuke".

A parente descreveu a anciã como "sorridente, alegre e bem conservada, reservada", deixando legado para netos e comunidade através dos conhecimentos transmitidos.

Reconhecimento institucional

A Fundacao Nacional dos Povos Indigenas (Funai) emitiu nota de pesar destacando que Djidjuke "deixa como legado sua forte liderança no cuidado com o povo Karajá, atuando principalmente como guardiã dos saberes da medicina tradicional".

O Distrito Sanitario Especial Indigena Araguaia (DSEI Araguaia) também lamentou a perda, afirmando que com seus conhecimentos "ajudou inúmeras pessoas da comunidade". O coordenador Labé Kàlàriki Karajá enfatizou que sua história e sabedoria "permanecerão vivas na memória de seu povo".

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