Entrar
Aplicativo Zangi vira testemunha-chave na investigação da execução de ex-delegado do PCC

Aplicativo Zangi vira testemunha-chave na investigação da execução de ex-delegado do PCC

Análise forense de celulares recuperou 247 mensagens apagadas que revelaram rede criminosa, mas deixou mistério sobre identidade de comandante.

Redação
Redação

15 de dezembro de 2025 ·

A Polícia Civil de São Paulo desvendou parte da rede responsável pela execução do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, em setembro de 2025, após recuperar centenas de mensagens consideradas apagadas do aplicativo de comunicação criptografada Zangi. A análise forense dos celulares de Umberto Alberto Gomes, o "Playboy", morto em confronto policial no Paraná em 30 de setembro, revelou detalhes operacionais do crime, mas deixou sem resposta a identidade de um dos principais suspeitos, conhecido apenas como "Jota".

Fontes, ex-secretário de Governo de Praia Grande (SP) e considerado um dos maiores especialistas no combate ao Primeiro Comando da Capital (PCC), foi executado com 12 tiros de fuzil em 15 de setembro de 2025. A perícia constatou que os projéteis causaram danos fatais, destruindo pulmões, rins, perfurando o intestino e atingindo a aorta torácica.

Ferramenta forense quebra promessa de impunidade

O aplicativo Zangi se promove como um "escudo digital perfeito", com mensagens criptografadas de ponta a ponta que se autodestroem após um tempo determinado, sem deixar rastros em servidores. No entanto, a perícia da Divisão de Investigações sobre Crimes Contra o Patrimônio (DISCCPAT/DEIC) utilizou o software Cellebrite para acessar os dois celulares de Umberto em nível de sistema.

A análise recuperou 247 mensagens do Zangi que Umberto acreditava ter deletado permanentemente. Os dados brutos permaneciam armazenados nos dispositivos, permitindo que os investigadores lessem conversas sobre o planejamento, execução e encobrimento do assassinato de Fontes.

Rede criminosa é mapeada, mas comandante permanece invisível

As mensagens e metadados extraídos permitiram identificar vários integrantes da operação. Entre eles estão Luiz Antônio Rodrigues de Miranda, o "Gão", facilitador logístico; Felipe Avelino da Silva, o "Masquerano"; e Cristiano Alves Costa, o "Cris Brown". A triangulação de torres de celular (ERBs) colocou Umberto em locais-chave, como um imóvel alugado em Mongaguá (SP), um dia antes do crime.

No entanto, a figura central, referida constantemente como "Jota", não deixou rastro digital direto. Não havia número de telefone, contato salvo ou mensagem direta de Jota nos aparelhos de Umberto. As evidências apontam que Jota dava ordens que eram repassadas por intermediários, demonstrando uma sofisticação operacional e conhecimento de segurança digital que frustrou, até o momento, sua identificação.

Ausência estratégica aponta para alto escalão do crime

A investigação sugere que Jota ocupa uma posição de comando dentro da hierarquia criminosa, possivelmente com educação formal e familiaridade com procedimentos de investigação policial e análise forense. A ausência proposital de evidências diretas levanta a hipótese de que Jota seja um pseudônimo para alguém já monitorado pela polícia ou até mesmo uma função rotativa dentro da facção.

Três meses após a execução de Fontes, a pergunta "Quem é Jota?" permanece como o principal desafio para investigadores, promotores e juízes. A descoberta da rede operacional foi um avanço, mas a identificação do suposto mandante é considerada crucial para entender e desarticular estruturas criminosas de maior escala.

Deixe seu Comentário
0 Comentários
🍪

Cookies

Nosso site usa cookies para melhorar a experiência do usuário. Ao usar nossos serviços, vocês concorda com a nossa Política de Cookies.