Bolsonaro tenta violar tornozeleira eletrônica com ferro de solda
Ex-presidente alega que ansiedade e vozes na cabeça o levaram a danificar dispositivo
O ex-presidente Jair Bolsonaro tentou violar sua tornozeleira eletrônica usando um ferro de solda, segundo informações do caso que resultou em pedido de prisão preventiva. O incidente ocorreu na casa onde ele cumpria prisão domiciliar em Brasília, após condenação por abuso de poder político.
Bolsonaro alegou em depoimento que o ato foi motivado por ansiedade e por "vozes em sua cabeça" que o fizeram desconfiar do dispositivo. A tentativa de danificar o equipamento de monitoramento aconteceu logo após seu filho, Flávio Bolsonaro, convocar uma vigília de apoiadores em frente à residência.
Contexto da condenação
O ex-presidente foi condenado por usar ministros, auxiliares e estrutura pública para fins eleitorais durante seu mandato. Bolsonaro utilizou equipamentos oficiais e tempo de servidores públicos em campanha pessoal, conforme demonstrado nas investigações.
Durante interrogatório no STF, o ex-presidente adotou postura contrastante com suas declarações públicas anteriores, quando chamava ministros da corte de "canalhas" e afirmava não obedecer ordens judiciais. Diante do ministro Alexandre de Moraes, chegou a dizer que gostaria que ele integrasse um eventual governo.
Quebra da imagem pública
A tentativa de violar a tornozeleira representa a quebra de um dos últimos pilares da imagem que Bolsonaro construiu publicamente: o mito do homem "imbrochável". Durante anos, ele performou uma masculinidade que supostamente combateria o que chamava de "frouxidão" do campo progressista.
Em diversos momentos públicos, o ex-presidente afirmou que os brasileiros precisavam "deixar de ser um país de maricas" e classificou gerações mais jovens como "Todinho, Nutella". Durante a pandemia, chegou a questionar até quando as vítimas da Covid-19 "iriam chorar" por seus mortos.
Histórico de contradições
A trajetória política de Bolsonaro já apresentava contradições com essa imagem. As investigações sobre rachadinhas, venda de joias sauditas e confusão entre bens públicos e privados já haviam arranhado o quadro de "bom pai de família sério" que tentava projetar.
Como parlamentar, Bolsonaro teve produção legislativa considerada nula, segundo análise de seu histórico na Câmara dos Deputados. Sua relação com ex-companheiras e filhos também foi alvo de críticas por parte de opositores.
Próximos desdobramentos
O pedido de prisão preventiva segue em análise no STF. Caso deferido, Bolsonaro poderá ser transferido para regime carcerário comum, diferente da prisão domiciliar que cumpria anteriormente.
Advogados de defesa argumentam que o ex-presidente sofre de problemas de ansiedade que teriam influenciado sua conduta. O Ministério Público, por sua vez, sustenta que a tentativa de violar a tornozeleira configura risco de fuga e descumprimento de medidas judiciais.
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