O plenário da Câmara dos Deputados não votará nesta semana o chamado "Pacote da Paz", conjunto de projetos que beneficiam o ex-presidente Jair Bolsonaro. A decisão foi tomada após reunião de líderes nesta terça-feira (12), onde prevaleceu o entendimento de que pautar as matérias seria ceder à pressão da obstrução realizada pela oposição na semana passada.
Durante mais de 30 horas, deputados aliados a Bolsonaro paralisaram os trabalhos do Congresso para pressionar os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), e do Senado, Davi Alcolumbre (União), a incluírem na pauta projetos como o da Anistia e o que acaba com o foro privilegiado.
Resistência bipartidária
Deputados do PT e PSOL argumentaram que aprovar as medidas agora seria "premiar quem atacou a democracia". "Quem fez tudo aquilo [obstrução] não poderia ser premiado escolhendo a pauta do parlamento", afirmou o líder petista Lindbergh Farias.
A deputada Talíria Petrone (PSOL) classificou a movimentação como "chantagem da extrema direita". Segundo ela, o mérito do foro privilegiado merece discussão, mas não "de forma oportunista para tirar o caso de Bolsonaro do Supremo".
Consenso entre partidos
Até aliados do governo, como o PSD, concordaram que avançar com a pauta neste momento enviaria "sinalização errada". Relatos indicam que o presidente Motta, embora não tenha se manifestado oficialmente, tende a acatar o posicionamento majoritário.
Líderes da oposição deixaram a reunião sem falar com a imprensa - comportamento atípico após esses encontros semanais. A ausência foi interpretada como reconhecimento da derrota nas reivindicações.
Outras prioridades
A pauta da Câmara para os próximos dias inclui projetos com amplo apoio, como a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil. Há urgência para aprovar a medida até setembro, quando expira o prazo constitucional.
Também estão previstas discussões sobre Reforma Administrativa, PEC da Segurança, Plano Nacional de Educação e regulamentação de aplicativos de trabalho - esta última com previsão de avanço em comissão para outubro.
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