Câmara mantém mandato de Zambelli e suspende Glauber Braga por 6 meses
Decisões opostas em processos disciplinares geram comemorações e críticas sobre proporcionalidade das punições.
A Câmara dos Deputados decidiu, entre a noite de quarta-feira (10) e a madrugada de quinta-feira (11), manter o mandato da deputada Carla Zambelli (PL) e suspender por seis meses o deputado Glauber Braga (PSOL). As votações, que analisaram processos disciplinares distintos, geraram reações opostas entre as bancadas e marcaram uma sessão plenária de forte repercussão política.
No caso de Glauber Braga, os parlamentares aprovaram a suspensão temporária em substituição à cassação do mandato. O processo teve origem em uma denúncia do partido Novo, que acusou o deputado de quebrar o decoro ao expulsar à força o então integrante do MBL, Gabriel Costenaro, de um corredor da Câmara em abril de 2024. Braga sempre alegou ter reagido a ofensas direcionadas à sua mãe, que tinha Alzheimer avançado.
Comemoração da base aliada de Glauber Braga
A sessão que analisou o caso de Braga foi marcada por comemorações de sua base aliada, que enxergou na suspensão uma vitória diante da ameaça de perda do mandato. O próprio deputado afirmou nas redes sociais: "A mobilização popular venceu! Rodamos os 26 estados e o Distrito Federal com a Caravana Glauber Fica, realizamos atividades e atos por todo o país".
A deputada Sâmia Bomfim (PSOL), esposa de Glauber, comemorou: “Glauber fica! Mesmo com todas as injustiças desse processo e as investidas da extrema direita, está encerrado o processo contra Glauber. A mobilização popular impediu a cassação”. Na mesma linha, a deputada Erika Hilton (PSOL) avaliou que “o pior foi evitado”.
Rejeição da cassação de Carla Zambelli
Em decisão oposta, os deputados rejeitaram o pedido de cassação do mandato de Carla Zambelli. O parecer do deputado Claudio Cajado (PP), favorável à perda do mandato, obteve 227 votos a favor, mas não alcançou os 257 necessários para ser aprovado. Zambelli foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão por envolvimento na invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça e atualmente cumpre prisão na Itália aguardando processo de extradição.
A defesa e familiares de Zambelli celebraram a decisão. Seu advogado, Fábio Pagnozzi, comemorou: “Vencemos! Zambelli inocente!”. O filho da deputada compartilhou a notícia como "o melhor presente de aniversário do mundo". Durante a sessão, o deputado Julio Lopes (PP) explicou que o limite de faltas de Zambelli na Câmara só será atingido em fevereiro de 2026, devido a uma licença de 90 dias solicitada pela parlamentar.
Críticas e contexto dos processos
As decisões geraram críticas sobre a brandura ou desproporcionalidade das punições. O advogado de Zambelli, Fábio Pagnozzi, manifestou indignação ao comparar os casos: “Inacreditável! Câmara salvou o Glauber e quer cassar Carla Zambelli!”.
Já o deputado Kim Kataguiri (União), que defendia a cassação de Glauber Braga, explicou sua posição: "Eu tentei. Lutei no plenário para virar votos em favor da cassação. Porém, nós precisaríamos dos 257 votos necessários para cassá-lo, e em nenhum momento da noite alcançamos esse número". Para garantir uma punição, ele optou pela votação da suspensão.
A suspensão de Glauber Braga foi aprovada via Projeto de Resolução 86/25 e encerra o processo no Conselho de Ética, mantendo seus direitos políticos durante o afastamento de seis meses.
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