A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) deixou o Brasil após se sentir abandonada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo relato de aliado ao Portal iG. A parlamentar, condenada a 10 anos de prisão pelo STF, anunciou licença não remunerada da Câmara e viajou para os Estados Unidos.
Rompimento com Bolsonaro
Zambelli se distanciou do núcleo bolsonarista após ser apontada por Bolsonaro como responsável "por todo mal" em sua vida, incluindo a derrota nas eleições de 2022. A declaração foi confirmada publicamente pelo ex-presidente em março de 2025 durante participação no podcast "Inteligência Ilimitada".
A relação se deteriorou após o episódio em que Zambelli perseguiu um jornalista negro com arma em punho durante o segundo turno das eleições de 2022. Bolsonaro e aliados consideram o fato decisivo para a perda de votos indecisos.
Condenação pelo STF
Em 14 de maio de 2025, a Primeira Turma do STF condenou Zambelli por invasão de sistema informatizado e falsidade ideológica. A pena de 10 anos inclui perda automática do mandato e multa de R$ 2 milhões, solidariamente com o hacker Walter Delgatti.
O caso envolveu um ataque aos sistemas do CNJ com inserção de documentos falsos, incluindo um suposto mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. Delgatti foi condenado a 8 anos e 3 meses de prisão.
Saída do país
Zambelli afirmou que deixou o Brasil para tratamento médico e negou estar fugindo da Justiça. "Muito pelo contrário, é resistir, é continuar falando o que eu quero falar", declarou. A deputada informou que pretende viajar para a Europa, onde tem cidadania, e deixará as redes sociais.
A Procuradoria-Geral da República já comunicou que pedirá prisão preventiva da deputada. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, poderá decretar prisão por tentativa de fuga ou incluir seu nome na lista da Interpol.
Repercussão jurídica
O advogado Daniel Bialski deixou a defesa de Zambelli após ser informado da viagem. A defesa alegou cerceamento por falta de acesso a provas e entrou com recurso pedindo absolvição. A licença não remunerada abrirá vaga para o suplente Coronel Tadeu (PL).
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