O governo dos Estados Unidos anunciou nesta sexta-feira (30) novas restrições à entrada de estudantes chineses no país, medida que especialistas classificam como um agravamento nas relações bilaterais. A decisão, justificada por questões de segurança nacional, afeta diretamente o fluxo acadêmico entre as duas potências.
Segundo Mauricio Moura, professor da Universidade George Washington, a medida representa uma ruptura com décadas de política de abertura educacional. "Mesmo no auge da Guerra Fria, os EUA mantiveram as universidades como espaços de intercâmbio", afirmou em entrevista ao podcast O Assunto.
Contexto histórico
A política contrasta com o legado do presidente Richard Nixon, que em 1972 iniciou a aproximação com a China. O gesto de Nixon ao apertar a mão do premier Zhou Enlai em Pequim foi descrito como "a semana que mudaria o mundo", conforme registrou a historiadora Margaret MacMillan em seu livro "Nixon e Mao".
Dados do Instituto de Educação Internacional mostram que atualmente há cerca de 290 mil estudantes chineses nos EUA, representando 30% do total de estrangeiros no país. As novas regras devem impactar especialmente alunos de áreas tecnológicas sensíveis.
Reações e consequências
Analistas apontam que a medida ocorre em um momento de crescente desconfiança mútua, com os EUA alegando preocupações com espionagem tecnológica. A China ainda não se manifestou oficialmente, mas fontes do Ministério das Relações Exteriores chinês disseram à imprensa local que estão "avaliando contramedidas".
Universidades americanas expressaram preocupação com o impacto financeiro e acadêmico da decisão. Muitas instituições dependem das mensalidades pagas por estudantes internacionais, que têm valores significativamente mais altos que as dos alunos domésticos.