EUA incluem Cartel de los Soles na lista de organizações terroristas
Governo americano acusa facção venezuelana de tráfico de drogas e violência hemisférica
Os Estados Unidos designaram oficialmente o Cartel de los Soles como organização terrorista estrangeira nesta segunda-feira (24). Segundo o Departamento de Estado, o grupo seria liderado pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro e responsável por "violência em todo o hemisfério" e tráfico de drogas para EUA e Europa.
A classificação fundamenta a campanha de pressão do governo americano contra Maduro e dá poder a Washington para avançar contra alvos ligados ao narcotráfico na região. Desde que voltou à Casa Branca em janeiro, o governo Trump incluiu 13 grupos latino-americanos na lista de organizações terroristas.
Resposta venezuelana e controvérsias
O regime da Venezuela classificou a designação como "mentira ridícula", argumentando que a organização não existe. Andreas Feldmann, professor da Universidade de Illinois, explica que "cada Estado define o terrorismo como quer, é um exercício retórico para difamar seu inimigo".
Heyder Alfonso, pesquisador do Instituto Colombo-Alemão para a Paz, ressalta que "as listas variam muito de lugar para lugar e são muito influenciadas por interesses políticos". Alguns analistas apontam que o Cartel de los Soles não seria uma organização com hierarquia definida, mas sim uma designação geral para corruptos funcionários venezuelanos e militares envolvidos com narcotráfico.
Expansão militar e operações
Nesse período, os EUA aumentaram sua presença militar perto da costa venezuelana, enviando navios de guerra, o maior porta-aviões do mundo e caças. O governo americano já realizou pelo menos 21 ataques contra embarcações supostamente usadas para tráfico de drogas, matando cerca de 83 pessoas.
A lista do Departamento de Estado impõe medidas como congelar fundos, proibir que americanos realizem transações com os sancionados e promover cooperação internacional para investigações criminais. Segundo Alfonso, designar como terrorista "é uma forma de exacerbar a criminalidade de um grupo armado e contar com poderes privilegiados para enfrentá-lo".
Outras organizações latino-americanas na lista
Entre os grupos designados como terroristas estão as Farc (desde 1997), Sendero Luminoso (1997), Dissidências das Farc (2021), ELN (2021), Tren de Aragua (fevereiro 2025), MS-13 (fevereiro 2025) e cartéis mexicanos como o de Sinaloa, Jalisco Nueva Generación e outros. Dois grupos haitianos - Viv Ansanm e Gran Grif - foram incluídos em maio por tentarem desestabilizar o país.
No Equador, os Choneros e Los Lobos entraram na lista em setembro, acusados de atacar oficiais e ter ligações com cartéis mexicanos. A gangue transnacional Barrio 18 foi incluída em 24 de setembro por ataques em El Salvador, Guatemala e Honduras.
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