Ex-chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini, é presa na Bélgica por suspeita de fraude
Operação da Procuradoria Europeia mira desvio de 650 mil euros em contrato público com instituição de ensino.
A ex-chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, foi presa nesta terça-feira (2) em Bruxelas, na Bélgica, durante uma operação da Procuradoria Europeia. A italiana de 52 anos, atual reitora do Colégio da Europa, é suspeita de envolvimento em fraudes em contratos públicos que totalizam cerca de 650 mil euros (aproximadamente R$ 4 milhões).
A operação policial, que incluiu buscas no Colégio da Europa, em Bruges, e nas instalações do Serviço Europeu para a Ação Externa (SEAE) em Bruxelas, também levou à detenção do vice-diretor da instituição de ensino e de Stefano Sannino, ex-secretário-geral do SEAE. Os três suspeitos podem permanecer em custódia por até 48 horas antes de uma audiência judicial.
Foco na licitação de programa de formação
De acordo com o Ministério Público Europeu, a investigação concentra-se em um concurso público realizado em 2021 e 2022 para a contratação de uma instituição para executar um programa de formação de diplomatas de nove meses. O contrato foi vencido pelo Colégio da Europa.
A Procuradoria investiga se representantes do colégio foram informados antecipadamente sobre os critérios da licitação, o que violaria as regras de concorrência leal. "Existem fortes suspeitas de que informações confidenciais relacionadas com o processo de licitação em curso tenham sido compartilhadas com um dos candidatos", afirmou o órgão.
Possíveis crimes e carreira da investigada
Os fatos sob análise podem configurar crimes de fraude em contratos públicos, corrupção, conflito de interesses e violação de sigilo profissional. Federica Mogherini foi Alta Representante da UE para Política Externa e Segurança e vice-presidente da Comissão Europeia entre 2014 e 2019.
Antes disso, a política de centro-esquerda foi ministra das Relações Exteriores da Itália e parlamentar por seis anos. Ela assumiu a reitoria do Colégio da Europa em 2020 e, em 2022, tornou-se também diretora da Academia Diplomática da UE.
Contexto das instituições envolvidas
O Colégio da Europa é uma universidade de pós-graduação fundada em 1949, com o objetivo de promover a solidariedade europeia no pós-guerra e formar a elite das instituições do bloco. Seu campus principal fica em Bruges, na Bélgica.
Já o SEAE é o serviço diplomático da União Europeia, criado em 2010 para auxiliar o comissário de política externa. Seu orçamento em 2024 foi de 880,2 milhões de euros (cerca de R$ 5,4 bilhões).
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