Flávio Bolsonaro anuncia pré-candidatura à Presidência e coloca libertação do pai como moeda de troca
Senador admite que pode desistir da disputa em 2026 se apoiar outro nome que garanta anistia a Jair Bolsonaro.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) anunciou sua pré-candidatura à Presidência da República para as eleições de 2026. A decisão foi comunicada após uma visita ao pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, na carceragem da Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. No entanto, o parlamentar já admitiu que pode abrir mão da disputa caso o candidato apoiado pelo clã se comprometa a tirar o patriarca da prisão.
A movimentação ocorre em um contexto de fragilidade política da família Bolsonaro. Recentemente, a primeira-dama Michelle Bolsonaro criticou publicamente um acordo do PL com o PSDB no Ceará, em um ato em Fortaleza, o que foi visto como uma humilhação para Flávio e seus irmãos. O anúncio da pré-candidatura causou impacto no mercado financeiro, que teme uma versão mais radicalizada do bolsonarismo sem figuras moderadoras como o ex-ministro Paulo Guedes.
Estratégia de negociação política
Especialistas em política avaliam o movimento de Flávio Bolsonaro como um ato de desespero e uma tentativa de valorizar seu capital político antes que ele se desvalorize ainda mais. O senador enfrenta perda de apoio entre setores tradicionalmente alinhados ao bolsonarismo, como o agronegócio, após a família estimular retaliações econômicas dos Estados Unidos ao Brasil.
"O 'anúncio' de Flávio foi um ato de desespero diante da avalanche que se avizinha", analisa um observador político. A intenção seria entrar na campanha como um "candidato nanico" para, posteriormente, negociar apoio no segundo turno em troca de vantagens, prática comum em disputas proporcionais.
Cenário eleitoral e concorrência interna
Flávio Bolsonaro aparece com baixíssimas intenções de voto nas pesquisas. Em um eventual segundo turno contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele perderia por uma margem de 15 pontos percentuais. Enquanto isso, outras figuras ganham espaço.
Michelle Bolsonaro tem circulado com mais desenvoltura entre grupos evangélicos, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), surge como um nome forte para 2026. Tarcísio, no entanto, enfrenta o dilema de equilibrar sua dívida política com Jair Bolsonaro, de quem foi ministro, e a pressão de aliados como Gilberto Kassab (PSD) para se "desbolsonarizar" e atrair o eleitorado de centro-direita não radicalizado.
Próximos passos e consequências
A pré-candidatura de Flávio Bolsonaro, que mal durou um fim de semana, é vista como um balão de ensaio. O preço pelo apoio da família à campanha de qualquer outro candidato está claro: a anistia e libertação de Jair Bolsonaro. A estratégia coloca o destino do ex-presidente como peça central das negociações para 2026, enquanto seus filhos tentam evitar ficar para trás no cenário político pós-prisão do patriarca.
O futuro da articulação dependerá da capacidade de Flávio de manter relevância nas pesquisas e da disposição de outros pré-candidatos, como Tarcísio, em aceitar as condições impostas pelo clã Bolsonaro em troca de apoio.
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