Fuvest 2026 implementa mudanças históricas no formato da redação
Candidatos poderão optar por gênero narrativo além do tradicional texto dissertativo-argumentativo
A Fuvest, fundação responsável pelo vestibular da Universidade de São Paulo (USP), anunciou mudanças significativas no formato da redação para o processo seletivo de 2026. Pela primeira vez, os candidatos não estarão limitados ao gênero dissertativo-argumentativo e poderão escolher entre duas propostas diferentes.
As provas da segunda fase ocorrerão nos dias 14 e 15 de dezembro, com a redação sendo aplicada no primeiro dia. A alteração no formato representa uma das maiores transformações no vestibular nos últimos anos.
Duas propostas, uma escolha
De acordo com Gustavo Monaco, diretor-executivo da Fuvest, os candidatos receberão uma coletânea de textos articulados que dará origem a duas propostas distintas. A primeira manterá o formato dissertativo-argumentativo tradicional, enquanto a segunda será de natureza narrativa, podendo incluir gêneros como carta, crônica, discurso ou roteiro.
"Os candidatos deverão escolher uma das propostas na folha de redação; caso não escolham, a nota da redação será zero", alertou Monaco em entrevista exclusiva ao Portal iG.
Novos critérios de avaliação
A prova de redação abordará as competências previstas para a área de Linguagens e suas Tecnologias, com ênfase na intertextualidade e interdiscursividade. Monaco explicou que "espera-se que o candidato estabeleça relações de intertextualidade e interdiscursividade para apropriar-se da coletânea e utilizá-la de forma referenciada para a produção de um texto inédito, com indícios de autoria".
Entre os critérios avaliados estão as convenções da escrita, adequação vocabular e a correta adoção das características do gênero textual escolhido.
Diferenças em relação ao Enem
Valéria Camargo, professora de Redação do Colégio Guilherme Dumont Villares, destacou as principais diferenças entre a Fuvest e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Enquanto o Enem exige proposta de intervenção em textos dissertativo-argumentativos, a Fuvest não tem essa exigência.
"No Enem, o estudante deve necessariamente produzir um texto dissertativo-argumentativo que apresente uma proposta de intervenção para o problema discutido no tema. Já a Fuvest não exige proposta de intervenção", explicou a professora.
Preparação e repertório
Monaco recomendou que os candidatos revisitem a lista de leituras obrigatórias, que em 2026 é composta exclusivamente por autoras de língua portuguesa. "Redação e escrita decorrem da leitura. Nós temos uma lista de leituras obrigatórias para o vestibular deste ano e a minha sugestão é: leiam esses livros de novo se der tempo e com tranquilidade", orientou.
Valéria Camargo enfatizou a importância de um repertório diversificado, incluindo referências históricas, filosóficas, sociológicas, geográficas e de atualidades. Autores como Milton Santos, Ailton Krenak e Byung-Chul Han aparecem com frequência nas questões do vestibular.
Dicas práticas para os candidatos
A professora Valéria preparou recomendações específicas para os vestibulandos: mantenha-se atualizado com debates contemporâneos, domine a norma-padrão da língua portuguesa, treine diferentes gêneros textuais e busque profundidade crítica na argumentação. A coesão e coerência textual também são elementos fundamentais na avaliação.
Com a mudança de formato, é essencial que os candidatos pratiquem tanto o gênero dissertativo-argumentativo quanto os gêneros narrativos para estarem preparados para ambas as possibilidades.
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