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Grande Porção de Lixo do Pacífico cria novo ecossistema com espécies costeiras
Ciência e Tecnologia

Grande Porção de Lixo do Pacífico cria novo ecossistema com espécies costeiras

Animais que viviam apenas no litoral agora se reproduzem e formam comunidades estáveis em plásticos no meio do oceano.

Redação
Redação

3 de dezembro de 2025 ·

A Grande Porção de Lixo do Pacífico, uma vasta área de acúmulo de plástico entre a Califórnia e o Havaí, nos Estados Unidos, deixou de ser um deserto oceânico. Pesquisadores descobriram que ela abriga comunidades inteiras de animais costeiros, que estão se reproduzindo e completando seus ciclos de vida diretamente no mar aberto, longe de seu habitat natural.

O estudo, publicado na revista Nature Ecology and Evolution, revela que o plástico está funcionando como uma plataforma artificial permanente, transformando radicalmente uma região remota do oceano. A descoberta foi feita após expedições que recolheram mais de 100 peças de plástico com pelo menos 15 centímetros de diâmetro na área.

Espécies costeiras se estabelecem no alto-mar

Em praticamente todos os pedaços de plástico analisados, os cientistas encontraram animais fixados. No total, foram identificadas 46 espécies, sendo a grande maioria de ambientes costeiros, como cracas, caranguejos, anêmonas e hidroides.

"A descoberta confirma que elas não estão apenas sendo carregadas pelas correntes: elas estão conseguindo se estabelecer ali", afirmam os pesquisadores. No laboratório, a equipe encontrou evidências de reprodução ativa, como fêmeas com ovos e grupos com indivíduos de diferentes tamanhos, indicando uma população estável e autorrenovável.

Plástico vira habitat permanente

O local faz parte do giro subtropical do Pacífico Norte, um sistema de correntes que retém poluentes flutuantes por anos. Redes, cordas e plásticos rígidos estão servindo como substitutos para costões rochosos, oferecendo abrigo e espaço para fixação.

"A presença constante de plásticos duráveis acabou transformando uma área pobre em locais de fixação para animais costeiros em um ambiente capaz de manter toda uma população", explica o estudo. Cientistas agora se referem à área como um possível novo ecossistema, onde espécies do alto-mar convivem com as invasoras costeiras.

Impacto vai além da poluição visível

A mudança preocupa especialistas porque a introdução de espécies costeiras em áreas remotas pode alterar cadeias alimentares inteiras, causar desequilíbrios ecológicos e facilitar o surgimento de espécies invasoras em regiões antes protegidas pelo isolamento natural.

O estudo conclui que o impacto da poluição plástica é mais profundo do que se imaginava. "O material está criando estruturas artificiais que permitem a formação de novas comunidades em áreas remotas do oceano, que vêm se consolidando ano após ano", finalizam os pesquisadores.

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