Israel detém ativista brasileiro Thiago Ávila e Greta Thunberg em missão humanitária a Gaza

Forças israelenses interceptaram barco com suprimentos para o território palestino; Itamaraty exige libertação imediata dos detidos.


O ativista brasileiro Thiago Ávila e a ambientalista sueca Greta Thunberg foram detidos por forças israelenses nesta segunda-feira (9) durante uma missão humanitária rumo à Faixa de Gaza. Eles integravam a Coalizão Flotilha da Liberdade, organização que tenta romper o bloqueio israelense ao território palestino levando suprimentos essenciais.

O barco Madleen foi interceptado no Mediterrâneo e levado ao porto de Ashdod, onde os passageiros passaram por exames médicos. O Ministério das Relações Exteriores de Israel divulgou fotos dos ativistas no local, ironizando a ação ao chamar a embarcação de "iate de celebridades para selfies".

Reação brasileira e contexto da missão

O Itamaraty emitiu nota exigindo a libertação imediata dos detidos e reiterando o pedido para que Israel suspenda as restrições à entrada de ajuda humanitária em Gaza. "O Brasil insta o governo israelense a libertar os tripulantes detidos", afirmou o Ministério das Relações Exteriores.

Antes da interceptação, Thiago Ávila gravou um vídeo alertando sobre a possibilidade de prisão: "Se você está assistindo a esse vídeo, isso significa que fui preso ou sequestrado por Israel". A bordo do Madleen, ativistas relataram que a comunicação foi interrompida durante a abordagem militar.

Trajetória do ativista brasileiro

Morador de Brasília e fundador do Movimento Bem Viver, Thiago Ávila é uma das principais vozes do ecossocialismo no Brasil. Com passagem por movimentos como o MTST, ele coordenou durante a pandemia o Mutirão do Bem Viver, que arrecadou R$ 450 mil para distribuir cestas agroecológicas em mais de 100 comunidades.

O ativista já foi preso duas vezes em 2021 por tentar impedir despejos durante a pandemia e responde a processos por resistência a reintegrações de posse. "Fazer uma revolução que acabe com o capitalismo é a única saída para nós e o planeta", declarou em uma de suas falas públicas.

Manifestações e próximos passos

Movimentos populares marcaram um ato em frente ao Palácio do Planalto para exigir a libertação dos ativistas e pedir que o Brasil rompa relações diplomáticas com Israel. A coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da CLDF, Keka Bagno, afirmou: "É inadmissível que nada aconteça contra o estado de Israel".

Enquanto isso, autoridades israelenses afirmaram que os passageiros estão recebendo comida e água, e que lhes foram mostrados vídeos dos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 como justificativa para o bloqueio a Gaza.