Lula discute acordo Mercosul-UE em visita à França em meio a reordenamento global

Presidente brasileiro busca reposicionar o país no cenário internacional enquanto potências revisam alianças históricas.


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia nesta semana visita oficial à França, com o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia como um dos principais temas da agenda bilateral. A viagem ocorre em um momento de reconfiguração das relações internacionais, com países revisando parcerias diante das novas estratégias americanas.

Contexto geopolítico em transformação

Segundo análise do ex-embaixador Cesário Melantonio Neto, o sistema multilateral está enfraquecido, com os EUA perdendo aliados incondicionais e a Europa acelerando sua militarização. "Oitenta anos de estabilidade parecem chegar ao fim", observa o diplomata, citando o possível retorno de Donald Trump à Casa Branca como fator de mudança.

A Alemanha, sob o novo governo de Frederico Merz, já sinalizou redução nos gastos sociais para priorizar defesa. Enquanto isso, o bloco BRICS ganha força com novas adesões de países do Oriente Médio, África e Ásia.

Posicionamento brasileiro

O Brasil busca papel central na reorganização da "periferia esfacelada", conforme definição do ex-embaixador. A diplomacia brasileira monitora atentamente as mudanças para garantir posição relevante no novo ordenamento mundial. O acordo Mercosul-UE, paralisado há anos, surge como peça estratégica nesse reposicionamento.

Especialistas apontam que o sucesso nas negociações comerciais poderia fortalecer o papel do Brasil como ponte entre blocos em um momento de fragmentação global. O governo francês, tradicionalmente cauteloso quanto ao acordo, demonstrou recentemente maior abertura para retomar as tratativas.

Próximos passos

Além do comércio, a agenda bilateral deve incluir discussões sobre cooperação em tecnologia verde e segurança alimentar. Analistas projetam que o reposicionamento de alianças globais deve se intensificar nos próximos anos, com o Brasil buscando diversificar parcerias tanto com potências tradicionais quanto com novos atores do Sul global.