Músico Jards Macalé morre aos 82 anos no Rio de Janeiro
Artista estava internado há 17 dias tratando problemas pulmonares quando sofreu parada cardíaca
O músico, cantor e compositor Jards Macalé morreu nesta segunda-feira (17), no Rio de Janeiro, aos 82 anos. O artista estava internado desde o dia 1º de novembro no Hospital Barra D'Or, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, onde tratava de problemas pulmonares.
Segundo informações da unidade de saúde, Macalé sofreu uma parada cardíaca e a causa da morte foi choque séptico e insuficiência renal. A morte foi confirmada pela TV Globo através de amigos do artista e anunciada nas redes sociais oficiais do músico.
Carreira marcada pela vanguarda
Nascido Jards Anet da Silva no Rio de Janeiro em 1943, o artista iniciou a carreira nos anos 1960, com sua primeira composição gravada por Elizeth Cardoso em 1964. Macalé rapidamente se destacou pela postura vanguardista e pela recusa em seguir padrões comerciais, sendo apresentado ao país como um "anjo torto" da MPB, conforme citou o jornalista Mauro Ferreira em seu blog.
O grande impacto inicial veio em 1969 com a performance de "Gotham City" no IV Festival Internacional da Canção. Em 1972, lançou seu influente álbum de estreia, "Jards Macalé", consolidando uma estética híbrida que misturava rock, samba, jazz, blues, baião e canção.
Parcerias e legado musical
Macalé era parceiro de poetas como Waly Salomão (coautor de "Vapor Barato"), Vinicius de Moraes, Torquato Neto e José Carlos Capinan. Sua obra era marcada pela experimentação e defesa da liberdade criativa, postura que o aproximou de artistas como Luiz Melodia.
É autor de clássicos como "Vapor Barato", "Hotel das Estrelas", "Anjo Exterminado" e "Mal Secreto", canções imortalizadas também nas vozes de Gal Costa, Maria Bethânia e O Rappa.
Exílio e contribuições
Durante o exílio em Londres ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Jorge Mautner, Macalé assinou a direção musical de "Transa", álbum considerado um dos mais importantes da carreira de Caetano. Em publicação nas redes sociais, Caetano Veloso afirmou: "Sem Macalé não haveria Transa. Estou chorando porque ele morreu hoje. Foi meu primeiro amigo carioca da música".
Além da música, em 60 anos de carreira, Macalé atuou em cinema, televisão, teatro e artes plásticas. Participou do elenco de filmes como "O Amuleto de Ogum" e "Tenda dos Milagres", ambos dirigidos por Nelson Pereira dos Santos, e integrou trilhas sonoras de clássicos como "Macunaíma" e "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro".
Vigência artística
Mesmo após décadas de atividade, Macalé manteve vigor e relevância, lançando "Besta Fera" em 2019, considerado um dos destaques de sua discografia. A nota oficial divulgada em suas redes sociais destacou: "Jards Macalé nos deixou hoje. Chegou a acordar de uma cirurgia cantando 'Meu Nome é Gal', com toda a energia e bom humor que sempre teve".
Os detalhes sobre o funeral serão divulgados em breve pela família, conforme informado na mesma publicação.
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