A Operação Carbono Oculto, deflagrada nesta quinta-feira (28/08/2025), investiga a infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) no mercado financeiro formal, com foco especial no setor de combustíveis. A ação cumpre 350 mandados em sete estados, atingindo instituições financeiras da Avenida Faria Lima, centro financeiro de São Paulo.
Segundo o Ministério Público de São Paulo e a Receita Federal, o esquema movimentou bilhões de reais através de crimes fiscais, lavagem de dinheiro e adulteração de combustíveis. Entre 2020 e 2024, empresas formuladoras ligadas ao PCC importaram R$ 10 bilhões em nafta, hidrocarbonetos e diesel usando dinheiro ilegal da facção.
Instituições financeiras no centro das investigações
O Banco Genial aparece na operação como administrador do Radford Fundo de Investimento Multimercado Crédito Privado, utilizado pelo grupo de Mohamad Hussein Mourad para ocultação de bens e lavagem de dinheiro. Investigadores encontraram uma transferência de R$ 100 milhões da Usina Itajobi para o fundo Radford, intermediada pela BK Bank.
A Justiça determinou que o Banco Genial forneça informações completas sobre o fundo, incluindo dados cadastrais, fiscais e financeiros do período de 2020 até 2025. A instituição manifestou "surpresa e indignação" e anunciou a renúncia à prestação de serviços ao fundo.
BK Bank: braço financeiro do esquema
A BK Instituição de Pagamento S.A. (BK Bank) é apontada como peça central na engrenagem financeira do grupo criminoso. A fintech atuava como braço financeiro de captação de recursos e aquisição de empresas, viabilizando a movimentação de valores e ocultação de origem ilícita.
O volume de transações atípicas na instituição soma cerca de R$ 17,7 bilhões em créditos e valor idêntico em débitos com empresas ligadas ao PCC. A filial de Ribeirão Preto tinha ligação direta com as atividades do grupo nas usinas sucroalcooleiras.
Reag Investimentos e fundos suspeitos
A Reag Investimentos aparece como principal canal para dar aparência de legalidade a recursos ilícitos. A empresa funcionava como gestora de fundos instrumentalizados para ocultar bens, lavar dinheiro e promover blindagem patrimonial.
O Mabruk II, um dos fundos citados, foi usado para ocultar a origem de aproximadamente R$ 250 milhões na aquisição de usinas. Investigadores apontam conexões de pessoas ligadas à Reag com o esquema, incluindo João Carlos Falbo Mansur, identificado como parte do "núcleo de Fundos de Investimento".
Próximos passos e medidas judiciais
A Justiça determinou busca e apreensão na matriz da BK Bank em Barueri e na filial de Ribeirão Preto, além da quebra de sigilo bancário de todas as contas ligadas aos investigados. Foi decretado bloqueio de valores até o limite de R$ 68,9 milhões.
As investigações continuam para apurar completamente a extensão do esquema bilionário, que inclui sonegação fiscal estimada em R$ 8,67 bilhões e adulteração de combustíveis distribuídos em postos de todo o país.
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