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Pé fossilizado de 3,4 milhões de anos é identificado como Australopithecus deyiremeda
Ciência e Tecnologia

Pé fossilizado de 3,4 milhões de anos é identificado como Australopithecus deyiremeda

Fóssil etíope revela que hominíneo caminhava ereto mas ainda escalava árvores, convivendo com Lucy

Redação
Redação

27 de novembro de 2025 ·

Um pé fossilizado de 3,4 milhões de anos, descoberto na Etiópia em 2009, foi finalmente identificado como pertencente ao Australopithecus deyiremeda, um parente distante da famosa Lucy. A confirmação, publicada nesta terça-feira (25) na revista Nature, ocorreu após a descoberta de novos fragmentos de mandíbula e dentes no mesmo sítio arqueológico.

O chamado "pé de Burtele" apresentava anatomia única, com características modernas e primitivas simultaneamente. Segundo os pesquisadores, essa espécie de hominíneo caminhava ereto no solo, mas mantinha um dedão adaptado para agarrar galhos, indicando que ainda escalava árvores.

Descoberta que reescreve a evolução

Yohannes Haile-Selassie, paleoantropólogo da Universidade Estadual do Arizona, explicou ao Live Science: "Bipedalismo foi essencial para nossa história evolutiva, mas existiam várias maneiras de andar sobre duas pernas". A descoberta comprova que diferentes espécies de hominíneos conviveram há mais de 3 milhões de anos.

O fóssil causou estranheza inicial porque, até então, acreditava-se que os parentes humanos do período de Lucy já haviam abandonado completamente a vida arborícola. A discrepância anatômica manteve pesquisadores em dúvida sobre sua origem por mais de uma década.

Associação confirmada por novos achados

A equipe retornou ao sítio de Woranso-Mille, na região de Afar, onde encontrou 13 fragmentos adicionais de dentes e mandíbulas datados do mesmo período e da mesma área do pé misterioso. Essa coincidência permitiu aos pesquisadores associar o fóssil "com confiança" ao A. deyiremeda.

Os novos fragmentos revelaram que esse hominíneo apresentava dentes caninos menores, similares aos da Australopithecus afarensis (espécie de Lucy), mas mantinha características primitivas no pé.

Debate científico reacendido

A conclusão não é consenso entre especialistas. Parte da comunidade científica mantém reservas sobre a classificação, enquanto outros pesquisadores comemoram a possibilidade de entender melhor como diferentes espécies dividiram o mesmo território.

A descoberta mostra que, enquanto alguns ancestrais humanos já eram totalmente bípedes como Lucy, outros ainda dependiam das árvores para sobreviver, indicando que a transição para o bipedalismo pleno foi mais complexa do que se imaginava.

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