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PF investiga disseminação de vírus que ameaça extinção da Ararinha-Azul

PF investiga disseminação de vírus que ameaça extinção da Ararinha-Azul

Empresas e pessoas ligadas ao programa de reintrodução da ave são acusadas de descumprir protocolos sanitários obrigatórios.

Redação
Redação

3 de dezembro de 2025 ·

A Polícia Federal (PF) cumpriu nesta quarta-feira mandados de busca e apreensão em investigação sobre a disseminação de um vírus letal que ameaça a sobrevivência da Ararinha-Azul (Cyanopsitta spixii). As ações, autorizadas pela Vara Federal de Juazeiro (BA), ocorreram em endereços nos municípios de Curaçá, na Bahia, e em Brasília.

De acordo com a PF, há indícios de que empresas e pessoas físicas vinculadas ao programa de reintrodução da espécie descumpriram protocolos sanitários, permitindo a entrada e propagação do circovírus aviário (PBFD). A doença, altamente contagiosa e sem tratamento, foi confirmada em todas as 11 ararinhas que viviam livres na natureza.

Resistência a medidas de contenção

A investigação também apurou resistência às medidas emergenciais determinadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). As ações, como isolamento sanitário, testagem contínua e recolhimento de aves de vida livre, visavam conter o surto. "Foi constatado que o Criadouro para Fins Científicos do Programa de Reintrodução da Ararinha-Azul não vinha cumprindo os protocolos de biossegurança", informou o ICMBio ao Portal iG.

Diante do descumprimento, o instituto lavrou um auto de infração contra o criadouro e seu diretor, com multa de cerca de R$ 1,8 milhão. O local, anteriormente conhecido como Blue Sky, também foi autuado pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema) em valor próximo a R$ 300 mil.

Emergência sanitária e repatriamento

As Ararinhas-Azuis investigadas foram soltas na natureza em 2022, após serem repatriadas da Europa e mantidas no Criatório para Fins Conservacionistas em Curaçá. Em maio deste ano, após a confirmação do primeiro caso de circovírus, o ICMBio instaurou um Sistema de Comando de Incidentes para gerir a chamada Emergência Circovírus.

O vírus não ameaça apenas as ararinhas, mas também outras aves nativas da Caatinga. A doença pode causar perda de penas, deformidades no bico e imunossupressão, levando à morte.

Próximos passos e responsabilização

Os investigados estão sujeitos a responder pelos crimes de disseminação de doença que ameaçam causar dano à fauna, morte de animais silvestres e obstrução de fiscalização ambiental. As buscas desta quarta-feira tiveram como objetivo a apreensão de aves e dispositivos eletrônicos que possam servir como prova.

O Portal iG não conseguiu localizar o representante do criadouro para comentar as acusações. O espaço para manifestação segue aberto. O caso representa um grave revés para um dos mais emblemáticos projetos de conservação da fauna brasileira.

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