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Presidente da Alerj é preso por suspeita de vazar dados de operação contra o CV

Presidente da Alerj é preso por suspeita de vazar dados de operação contra o CV

Rodrigo Bacellar é acusado de repassar informações sigilosas a deputado estadual ligado ao tráfico de drogas.

Redação
Redação

3 de dezembro de 2025 ·

O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, foi preso nesta quarta-feira (3) pela Polícia Federal. A prisão, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ocorre no âmbito da Operação Unha e Carne, que investiga suspeitas de vazamento de dados sigilosos de uma ação policial contra o Comando Vermelho (CV).

Bacellar é suspeito de ter repassado informações da Operação Zargun, em setembro, ao então deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como "TH Joias". A orientação teria sido para que o parlamentar esvaziasse sua residência antes da ação da PF. TH Joias foi preso e posteriormente destituído do cargo, perdendo o foro privilegiado.

Trajetória política e ascensão

Rodrigo Bacellar, antes um advogado com pouca expressão, ganhou notoriedade ao ser o relator do processo de impeachment do ex-governador Wilson Witzel (PSC). Sua atuação foi crucial para a saída de Witzel e a ascensão de Cláudio Castro ao Palácio das Laranjeiras, tornando-se uma figura central no primeiro governo Castro.

Ele também tem suas digitais apontadas em escândalos de cargos secretos na Ceperj e na Uerj, que teriam viabilizado a reeleição de Castro. Como presidente da Alerj, Bacellar era defensor de medidas de segurança consideradas linha-dura, como a chamada "Gratificação Faroeste", que prevê bônus para policiais civis em certas operações.

O caso TH Joias e as acusações

Thiego Raimundo dos Santos Silva, o "TH Joias", foi eleito suplente e assumiu como deputado estadual em 2024. Antes da política, atuava como ourives. Ele é acusado de usar o mandato para favorecer o crime organizado, atuando como intermediário no tráfico de drogas, venda de armas de fogo de uso restrito e equipamentos "antidrone" para a facção CV.

Apesar das acusações públicas, TH Joias apareceu em fotografias oficiais ao lado do governador Cláudio Castro. A prisão de Bacellar evidencia, segundo o ministro do STF Alexandre de Moraes, a infiltração do crime organizado na política fluminense.

Contexto de segurança no Rio

A prisão ocorre pouco mais de um mês após a polícia do governador Cláudio Castro promover a maior chacina do país, sob a justificativa de combater o Comando Vermelho. A operação resultou na morte de diversos suspeitos, contrastando com a suspeita de que Bacellar teria alertado um aliado para evitar uma ação legal.

O caso expõe a contradição entre um discurso oficial de combate implacável ao crime e as suspeitas de conivência e vazamento de informações no alto escalão do poder estadual.

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