Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União-GO), Ratinho Jr (PSD-PR) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) movimentam-se como pré-candidatos à Presidência da República em 2026, faltando pouco menos de um ano e meio para o fim de seus mandatos estaduais. A disputa ocorre no campo conservador enquanto a família Bolsonaro exerce influência decisiva no processo sucessório.
Os quatro governadores pavimentam suas vias em direção a Brasília de maneiras distintas, com estratégias e apoios variados dentro do espectro político de direita. Nenhum deles demonstra intenção de formar uma chapa unificada já no primeiro turno, indicando possível fragmentação do campo.
Estratégias divergentes entre pré-candidatos
Romeu Zema lançou oficialmente sua pré-candidatura no último fim de semana adotando postura similar à de Jair Bolsonaro em seu primeiro mandato. O governador mineiro defendeu medidas controversas, como a remoção forçada de pessoas em situação de rua, comparando-as a "carros que precisam ser guinchados". Zema busca explicitamente o apoio da família Bolsonaro, mesmo após ser alvo de ataques coordenados dos filhos do ex-presidente.
Ronaldo Caiado posiciona-se de forma independente, declarando que "aqui não tem filhinho de papai" durante convenção que oficializou a federação do União Brasil com o Progressistas. O governador goiano defende que cada partido lance seu candidato, indicando disposição para disputa fragmentada no primeiro turno.
Tarcísio como favorito das elites econômicas
Tarcísio de Freitas consolida-se como favorito de banqueiros e da elite empresarial, governando o maior e mais rico estado do país. O engenheiro formado pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) transita tanto entre investidores da Faria Lima quanto entre militares, adotando discurso tecnocrático que agrada aos setores econômicos.
O ex-ministro dos Transportes de Bolsonaro intensifica críticas ao governo Lula em inaugurações de obras, mesmo dependendo de parcerias com a União para financiar projetos em São Paulo. Seu distanciamento do ex-chefe coincide com o aprofundamento dos processos judiciais contra Bolsonaro.
Ratinho Jr como azarão com poder midiático
Carlos Massa Ratinho Jr (PSD-PR) emerge como potencial azarão na disputa, controlando um reduto bolsonarista no Paraná e contando com os canais de comunicação de seu pai, o apresentador Carlos Massa (Ratinho) do SBT. Sua candidatura beneficiar-se-ia da infraestrutura midiática familiar e da base eleitoral paranaense.
Família Bolsonaro como fator decisivo
Os filhos de Jair Bolsonaro - Carlos, Eduardo, Flávio e Jair Renan - posicionam-se como obstáculos às pretensões presidenciais dos governadores, atacando publicamente possíveis concorrentes que busquem herdar a base do ex-presidente. Carlos Bolsonaro referiu-se a figuras como Zema como "ratos" em redes sociais, indicando resistência à sucessão natural da liderança conservadora.
A disputa inclui ainda a indefinição sobre qual dos filhos Bolsonaro seria "ungido" como sucessor do pai, criando camadas adicionais de complexidade no cenário pré-eleitoral. Jair Renan, atual vereador em Balneário Camboriú, surge como quarto herdeiro potencial na dinâmica familiar.
Especialistas apontam que a fragmentação no campo conservador pode beneficiar outros candidatos ou mesmo o governo Lula, dependendo da capacidade de unificação no segundo turno. A disputa sucessória configura-se como uma das mais complexas da história recente da política brasileira.
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