Uma investigação sobre laboratórios acusados de fabricar fentanil contaminado na Argentina expôs uma extensa rede de proteção envolvendo políticos, juízes e agentes públicos. O caso, que ganhou destaque após mortes relacionadas ao medicamento, tem como alvo os irmãos Ariel, Damián e Diego García Furfaro, donos dos laboratórios HLB Pharma, Ramallo e da distribuidora Alfarma.
Esquema operando à sombra do poder
Segundo as autoridades, o grupo atuava há anos com conexões no poder público, evitando inspeções e garantindo contratos com o Estado. Ariel García, apontado como líder, mantinha relações com governadores como Ignacio Torres (Chubut) e Raúl Jalil (Catamarca), além de magistrados e procuradores.
A rede incluía até a agência reguladora Anmat, onde uma ex-funcionária, Raquel Méndez - esposa de um ex-ministro da Saúde - participava de reuniões com o grupo. O advogado Gastón Marano, atual defensor de Ariel García, já prestou serviços à própria Anmat.
Contratos públicos e suspeitas de desvios
Investigadores apuram o desaparecimento de 24% da produção de opioides como fentanil em um dos laboratórios, indicando possível desvio para o mercado ilegal. José María Olazagasti, ex-secretário do ministro Julio De Vido, negociaria contratos com hospitais públicos para o grupo.
Na prefeitura de José C. Paz, contratos com suspeita de sobrepreço foram assinados com intermediação do advogado Sebastián Nanini, ligado ao prefeito Mario Ishii. Nanini chegou a aparecer como suposto comprador dos laboratórios semanas antes do escândalo.
Influência política e midiática
O grupo também atuava em campanhas eleitorais, utilizando a casa onde viveu Diego Maradona para eventos políticos e financiando veículos de comunicação. Ariel García alugava o imóvel por valor simbólico a candidatos ligados ao advogado Fernando Burlando.
As investigações continuam para apurar a extensão total do esquema, que envolve ainda suspeitas de tráfico internacional de medicamentos e corrupção em múltiplos níveis do poder público argentino.
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