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Flávio Bolsonaro anuncia candidatura presidencial e EUA retiram sanções contra Moraes

Flávio Bolsonaro anuncia candidatura presidencial e EUA retiram sanções contra Moraes

Movimentos na política e na diplomacia reconfiguram cenário eleitoral para 2026, que deixa de ser caminhada solitária de Lula.

Redação
Redação

14 de dezembro de 2025 ·

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) anunciou sua candidatura à Presidência da República para as eleições de 2026, após ser "ungido" por seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. O anúncio, feito na sexta-feira retrasada, ocorre enquanto o político está confinado em uma cela da Superintendência da Polícia Federal em Brasília, cumprindo pena de 27 anos de prisão.

Paralelamente, o governo dos Estados Unidos, sob o presidente Donald Trump, anunciou na última sexta-feira a exclusão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e de sua esposa, Viviane Barci de Moraes, da lista de sancionados pela Lei Magnitsky. A lei americana visa punir violadores de direitos humanos em qualquer parte do mundo.

Novo ingrediente na disputa eleitoral

A entrada de Flávio Bolsonaro na disputa presidencial, a 294 dias das eleições, é considerada um novo ingrediente que "embaralhou as cartas" de um cenário até então dominado pelo favoritismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O senador comunicou sua decisão a um grupo seleto de correligionários, sem seguir os rituais tradicionais de pré-candidatura, como fechar alianças ou definir vice.

Para analistas, a movimentação demonstra que Jair Bolsonaro, mesmo preso e sem contato com a imprensa, mantém influência significativa na política nacional, especialmente entre os 58 milhões de eleitores que o apoiaram no segundo turno de 2022. A candidatura do filho mais velho injetou ânimo nas alas mais engajadas da direita brasileira.

Retirada de sanções e a reação política

A retirada das sanções contra o ministro Alexandre de Moraes foi comemorada por apoiadores do governo Lula, que viram na medida uma validação internacional do processo judicial que condenou Jair Bolsonaro. Anteriormente, a inclusão do magistrado na lista era usada por bolsonaristas como argumento de que o julgamento havia sido injusto.

Flávio Bolsonaro, no entanto, interpretou o gesto americano de forma diferente. "Trump fez um gesto gigantesco pela anistia", declarou o senador, sugerindo que a medida poderia ser uma antecipação de pagamento por favores futuros, como a votação de uma anistia a seu pai e a suspensão de sobretaxas a produtos brasileiros nos EUA.

Contexto diplomático e tensões persistentes

Especialistas apontam que a remoção do nome de Moraes foi uma decisão unilateral do governo americano, não um resultado de negociação eficaz da diplomacia brasileira. A permanência do ministro na lista sem que medidas práticas contra seus bens fossem tomadas corria o risco de desmoralizar o instrumento da Magnitsky, levando os EUA a uma mudança de estratégia.

Apesar do recuo, relações bilaterais seguem sensíveis. Na última segunda-feira, o assessor especial de Lula para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, comparou uma possível intervenção americana na Venezuela ao conflito do Vietnã, em declaração ao jornal britânico *The Guardian*. Na sexta-feira, o próprio presidente Lula defendeu publicamente o controle das *Big Techs* – tema que é ponto de cobrança dos Estados Unidos em suas exigências ao Brasil.

Próximos passos e cenário futuro

O cenário eleitoral, agora polarizado, deixa de ser uma "caminhada solitária" para Lula. A candidatura de Flávio Bolsonaro coloca na pauta temas que ultrapassam a zona de conforto do atual governo. Enquanto isso, na esfera diplomática, analistas afirmam que a bola passou para o lado brasileiro, cabendo ao governo sinalizar publicamente uma disposição de adaptar seu discurso a uma relação menos hostil com os Estados Unidos.

A persistência em temas sensíveis, como o controle de plataformas digitais e o acesso a terras raras, pode contrariar a Casa Branca e reverter os avanços recentes. O desfecho tanto da corrida eleitoral quanto do delicado jogo diplomático permanece em aberto, com as peças ainda se movendo no tabuleiro.

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