Vaticano reconhece valor espiritual das aparições da Rosa Mística em 2024
Parecer positivo da Santa Sé sobre mensagens recebidas por vidente italiana fortalece devoção mariana global.
O Vaticano emitiu, em julho de 2024, um parecer oficial que reconhece o valor espiritual das mensagens associadas às aparições da Rosa Mística, fenômeno mariano iniciado na Itália em 1947. A decisão, divulgada pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, acolhe a devoção como prática legítima dentro da fé católica, impulsionando peregrinações ao Santuário de Fontanelle, próximo a Montichiari.
As aparições são atribuídas a Pierina Gilli, uma enfermeira que relatou ter visto a Virgem Maria durante um período de enfermidade. Segundo os relatos, Maria teria se apresentado como "Rosa Mística", pedindo oração, penitência e sacrifício para a conversão dos fiéis e renovação da Igreja. Os encontros teriam se deslocado, em 1966, para a área rural de Fontanelle.
Simbolismo e pilares da devoção
Uma imagem central da devoção mostra Maria com três rosas no peito, cada uma simbolizando um estado de vida: branca para as virgens, vermelha para os mártires e dourada para os santos. As mensagens recebidas por Pierina Gilli centralizam-se em três pilares: "Oração, Sacrifício e Penitência". Outro elemento marcante é a "Hora da Graça Universal", momento de oração celebrado tradicionalmente em 8 de dezembro, data da Solenidade da Imaculada Conceição.
“Os textos espirituais deixados por Pierina Gilli contêm elementos positivos”, afirmou o Vaticano em carta ao bispo de Brescia, diocese responsável pela região. O documento não proclama certeza sobrenatural absoluta sobre as aparições, mas permite e reconhece a devoção como espiritualmente válida, liberando sua promoção pastoral organizada.
Longo processo de análise eclesiástica
Por mais de sete décadas, as aparições foram tratadas com cautela pelas autoridades eclesiásticas, permanecendo em uma situação de "não constatado". A Igreja Católica costuma levar décadas para investigar fenômenos desse tipo, analisando testemunhos, conteúdo teológico das mensagens e a vida do vidente. O parecer de 2024 representa uma mudança significativa, transformando uma devoção antes apenas tolerada em uma prática formalmente acolhida com supervisão eclesiástica.
Após o reconhecimento, o Santuário Rosa Mística, Mãe da Igreja, em Fontanelle, passou a receber um volume ainda maior de peregrinos, incluindo muitos brasileiros. O local abriga capela e espaços para oração, com missas e terços realizados rotineiramente. Comunidades e movimentos católicos têm difundido a devoção por meio de transmissões online e materiais catequéticos.
Presença e testemunhos no Brasil
No Brasil, a devoção à Rosa Mística conquistou milhões de fiéis desde a década de 1990. Grupos de oração e paróquias organizam encontros mensais, especialmente nos dias 8, data tradicionalmente dedicada à devoção. Imagens e celebrações da "Hora da Graça" são amplamente difundidas, embora a Igreja ressalte que se trata de uma devoção privada, não uma obrigação litúrgica oficial.
Fiéis ao redor do mundo relatam graças e conversões atribuídas à intercessão da Rosa Mística. A Igreja, mantendo sua postura prudente, enfatiza que tais testemunhos não constituem comprovação oficial de milagres, mas podem ter valor pastoral quando promovem uma vida cristã autêntica.
Mais de 75 anos após os primeiros relatos, o parecer do Vaticano consolida a presença da Rosa Mística dentro da Igreja, equilibrando a acolhida da expressão popular de fé com a prudência doutrinária característica do catolicismo.
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