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Assembleia de SC aprova projeto que proíbe cotas raciais em universidades estaduais
Educação

Assembleia de SC aprova projeto que proíbe cotas raciais em universidades estaduais

Texto aprovado em votação simbólica aguarda sanção do governador e prevê multa de R$ 100 mil para editais que descumprirem a regra.

Redação
Redação

12 de dezembro de 2025 ·

A Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) aprovou, em votação simbólica, o Projeto de Lei 753/2025, que proíbe a adoção de cotas raciais em universidades estaduais e em instituições que recebem recursos públicos. A proposta, de autoria do deputado Alex Brasil (PL), limita as ações afirmativas a pessoas com deficiência, a critérios exclusivamente econômicos e a estudantes da rede pública estadual. A mudança afeta instituições como a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), que tem cerca de 1,4 mil alunos e mantém programas de inclusão.

Se sancionado pelo governador Jorginho Mello (PL), o texto proibirá universidades e órgãos ligados ao estado de reservar vagas com base em critérios raciais, inclusive em processos de contratação. O projeto estabelece penalidades: editais que descumprirem a regra podem receber multa de R$ 100 mil, e agentes públicos que mantiverem cotas fora das exceções poderão responder administrativamente por violação ao princípio da legalidade.

Defesa e críticas da proposta

Antes da votação, o autor do projeto, deputado Alex Brasil, defendeu a medida. Ele afirmou que ações afirmativas baseadas em critérios raciais e outras classificações identitárias “suscitam controvérsias jurídicas” e poderiam ferir os princípios da isonomia e da impessoalidade. O parlamentar criticou a ampliação de modalidades de cotas nos últimos anos, citando cotas para pessoas trans e refugiados. “O modelo atual deixava o mérito em segundo plano”, disse Brasil, defendendo sua substituição por critérios considerados mais objetivos.

A oposição, no entanto, argumenta que a proposta ignora desigualdades históricas. O deputado Fabiano da Luz (PT) afirmou que as cotas raciais “não são privilégios”, mas instrumentos para corrigir assimetrias que ainda estruturam o país. Ele citou que pessoas negras recebem, em média, 40% menos que pessoas brancas e permanecem sub-representadas nas universidades. Luz questionou a constitucionalidade do texto e previu judicialização.

Reações de instituições

A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) emitiu nota repudiando a medida. A instituição afirmou que a retirada das cotas raciais “vai na contramão de avanços históricos na inclusão, desrespeita decisões do STF e enfraquece políticas essenciais para reduzir disparidades educacionais”. A nota destacou que “o racismo estrutural deve ser enfrentado com responsabilidade e políticas públicas coerentes”.

A Ordem dos Advogados do Brasil em Santa Catarina (OAB-SC) informou que fará uma análise técnico-jurídica da proposta aprovada. A entidade quer avaliar tanto a constitucionalidade do texto quanto a autonomia das instituições de ensino. Embora não tenha antecipado conclusões, a OAB-SC ressaltou que ações afirmativas não configuram discriminação, mas atendem ao dever constitucional do Estado de promover igualdade material.

Contexto nacional e próximos passos

A proibição, se sancionada, não afetará instituições federais, como a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). No Brasil, ainda vigora a Lei de Cotas (Lei 12.711/2012), que reserva vagas para estudantes de escolas públicas, pessoas de baixa renda, negros, indígenas e pessoas com deficiência.

Em 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, que as políticas de cotas raciais são constitucionais, afirmando que elas corrigem distorções históricas e fortalecem o princípio da igualdade material. Agora, o PL 753/2025 aguarda a decisão do governador Jorginho Mello para entrar ou não em vigor.

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