Andrea Cruz e Carvalho, brasileira residente na Jordânia há três anos, compartilhou um relato impactante sobre o cotidiano na fronteira do conflito entre Irã e Israel. Em entrevista ao GPS|Brasília, a esposa de diplomata descreveu como a recente escalada de violência afeta diretamente a vida dos civis na região, mesmo com o anúncio de cessar-fogo feito pelo Irã nesta terça-feira (24).
Vivendo sob alerta constante
"Já passei por isso outras duas vezes, em abril e novembro de 2024. Realmente parece que isso nunca acaba de verdade", declarou Andrea. Ela detalhou o protocolo de segurança em Amã, onde sirenes são acionadas quando mísseis balísticos entram no espaço aéreo jordaniano, obrigando a população a permanecer em casa até novo aviso.
A brasileira, que se mudou para a Jordânia quando seu marido foi designado para missão diplomática, revelou que a pequena comunidade brasileira local segue atenta aos alertas. "Muitos desses mísseis são abatidos antes de atingirem o alvo do outro lado. E assim tem sido", relatou, descrevendo o cenário como parte da rotina na capital jordaniana.
Contexto do conflito recente
A nova onda de tensão começou em 13 de junho, quando Israel atacou alvos militares iranianos, alegando desenvolvimento nuclear por parte de Teerã. O Irã respondeu com lançamentos de mísseis contra território israelense, seguidos por bombardeios americanos a três usinas nucleares iranianas - todos esses eventos ocorrendo nas proximidades da residência de Andrea.
O acordo de cessar-fogo mediado por Donald Trump foi recebido com ceticismo pela brasileira. "Trump foi sarcasticamente amável com o Irã só para não se meter mais fundo nesse atoleiro", criticou, referindo-se à postura do ex-presidente americano diante de ataques anteriores.
Crise humanitária e perspectivas sombrias
Andrea fez um paralelo entre a situação em sua região e a crise em Gaza, onde a Fundação Humanitária de Gaza (GHF) registrou 516 palestinos mortos enquanto buscavam ajuda alimentar em áreas controladas por Israel. "O povo de Gaza está sendo fuzilado na fila por comida, enquanto os líderes brincam de honra e poder", lamentou.
Em reflexão sombria sobre o conflito, a brasileira citou o filme "O Advogado do Diabo": "Espero, do fundo do meu coração, que o século 21 também não seja todo dele". Seu relato expõe o custo humano de uma disputa geopolítica que, segundo ela, parece não ter fim à vista.
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