A 16ª Cúpula anual dos BRICS ocorrerá nos dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro, marcando a primeira reunião do grupo ampliado com a inclusão de novos membros como Vietnã, Irã e Arábia Saudita. O encontro acontece em meio a crescentes tensões geopolíticas e disputas comerciais globais.
Segundo diplomatas participantes, a agenda prioritária inclui: mecanismos para reduzir a dependência do dólar em transações internacionais, reforma das instituições financeiras globais e criação de sistemas de pagamento alternativos ao SWIFT. O Brasil propõe a criação de uma câmara de compensação comum para comércio intragrupo.
Contexto histórico do confronto geopolítico
O ex-embaixador Cesário Melantonio Neto, que serviu em seis países, analisa: "A dissolução da URSS deixou os EUA como única superpotência, mas a ascensão da China e a consolidação da UE criaram polos alternativos". Ele destaca que os BRICS representam "um sério obstáculo à hegemonia americana desejada por Trump".
Dados do FMI mostram que o bloco original (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) responde por 32% do PIB global em paridade de poder de compra, superando o G7 (29%). Com os novos membros, essa participação salta para 38%.
Novos membros e desafios
A inclusão do Vietnã - que mantém relações comerciais bilionárias com os EUA - gera debates internos. Fontes do Itamaraty revelam que a proposta vietnamita de criar um fundo comum de desenvolvimento recebeu apoio chinês, mas enfrenta resistência indiana.
Especialistas apontam três desafios principais: 1) Conciliar interesses divergentes entre membros tradicionais e novos; 2) Avançar na desdolarização sem desestabilizar economias nacionais; 3) Manter coesão diante de sanções ocidentais contra Rússia e Irã.
Próximos passos
O comunicado final deverá incluir a criação de um grupo de trabalho para estudar uma moeda comum de referência comercial. Paralelamente, os Bancos Centrais dos países membros iniciarão testes com um sistema de pagamentos alternativo até o final de 2025.
Analistas projetam que as decisões desta cúpula poderão acelerar a fragmentação do sistema financeiro global, com impactos diretos no comércio exterior brasileiro e na política cambial do próximo governo.
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