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Especialistas apontam lacunas em texto final da COP30 apresentado pelo Brasil
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Especialistas apontam lacunas em texto final da COP30 apresentado pelo Brasil

Documento cria 'salas de espera' para temas centrais sem definir prazos ou responsabilidades

Redação
Redação

21 de novembro de 2025 ·

O texto do "Mutirão" apresentado pela presidência brasileira da COP30 deixa lacunas importantes em temas centrais como transição energética, financiamento e adaptação, segundo análise do Instituto Talanoa. O documento, que está sendo negociado a portas fechadas, não estabelece responsabilidades ou prazos concretos para compromissos fundamentais.

André Corrêa do Lago, presidente da COP30, e a ministra Marina Silva seguem em reuniões fechadas tentando construir consenso para o texto final enquanto a conferência caminha para o fim. A desmontagem dos pavilhões já começou em Belém, onde o evento ocorre.

Críticas ao documento

Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, afirmou que o documento cria "salas de espera" para temas centrais sem definir responsabilidades ou prazos. "O silêncio total sobre combustíveis fósseis nos destina a mais de 2°C de aquecimento", criticou a especialista.

O compromisso de triplicar o financiamento para adaptação até 2030 é visto como vago e sem base clara pelos analistas. Segundo Unterstell, o texto adia decisões cruciais que deveriam ser tomadas nesta conferência.

Avancem e retrocessos

Na agenda de adaptação, Daniel Porcel apontou avanços com a nova proposta do GGA (Objetivo Global de Adaptação), incluindo uma lista revisada de indicadores e o processo Belém–Addis para harmonizar políticas. No entanto, a nova meta de financiamento permanece indefinida e deslocada para o texto do Mutirão.

Caio Victor Vieira destacou perdas no Programa de Trabalho de Transição Justa, que retirou qualquer referência ao abandono dos combustíveis fósseis. O texto delega às Contribuições Nacionalmente Determinadas a definição das transições e adia discussões de conteúdo para 2025.

Questões financeiras

Para o especialista Benjamin Abraham, o pacote financeiro não avança o suficiente e carece de clareza sobre o NCQG (Nova Meta Quantificada Global de Finanças). "A falta de precisão pode travar ambição em outras áreas", afirmou Abraham sobre a ausência de detalhes sobre o triplo do financiamento para adaptação e realinhamento dos fluxos financeiros.

No Balanço Global, o foco passou a ser financiamento, capacidades e tecnologia, sem recuperar a linguagem de transição para longe dos fósseis. As negociações continuam sob forte expectativa enquanto o prazo final se aproxima.

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