MPMG deflagra operação contra esquema de fraude e lavagem de dinheiro de R$ 215 mi
Publicitário Marcos Valério, condenado no Mensalão, é um dos alvos da ação que mira atacadistas e supermercados em Minas.
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) deflagrou nesta terça-feira (2) a "Operação Ambiente 186" para desarticular um esquema de fraudes fiscais e lavagem de dinheiro envolvendo atacadistas e redes de supermercados. A investigação aponta um prejuízo de mais de R$ 215 milhões aos cofres estaduais.
Entre os alvos dos mandados de busca e apreensão está o publicitário Marcos Valério, condenado em 2012 no caso do Mensalão. A ação é conduzida pelo Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos de Minas Gerais (CIRA-MG), com apoio da Polícia Civil, Polícia Militar, Receita Federal e Corpo de Bombeiros.
Esquema de sonegação milionária
Segundo o MPMG, empresários dos setores atacadista e varejista criaram empresas de fachada para simular operações interestaduais. A prática visava fraudar o pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) por substituição tributária.
“O esquema reduzia artificialmente o custo das mercadorias, aumentando o lucro ilegal dos envolvidos, distorcendo a concorrência e prejudicando empresas que atuam dentro da lei”, explicou o Ministério Público. O grupo se apropriava do imposto devido ao Estado e transformava os valores em benefício próprio.
Mandados cumpridos e bens bloqueados
Os mandados judiciais foram cumpridos na Região Metropolitana de Belo Horizonte e no centro-oeste de Minas Gerais. As buscas miraram sedes de empresas e residências de empresários e funcionários suspeitos.
Durante as ações, foram apreendidos celulares, equipamentos eletrônicos, documentos e veículos de luxo usados para lavagem de dinheiro. O CIRA-MG também conseguiu determinar o bloqueio de R$ 476 mil em bens dos investigados.
Reincidência de Marcos Valério
Marcos Valério ficou nacionalmente conhecido como um dos operadores do esquema do Mensalão, revelado em 2005, no qual parlamentares recebiam pagamentos por apoio político. Em 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) o condenou a 40 anos de prisão pelos crimes de peculato, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha.
Valério cumpria pena em regime aberto desde 2022. No Mensalão, ele era dono de agências de publicidade que, segundo as investigações, serviram para canalizar recursos públicos para pagamentos ilegais.
Próximos passos da investigação
O material apreendido será analisado pelas autoridades para consolidar as provas contra os investigados. O MPMG e o CIRA-MG devem dar continuidade às investigações para apurar a extensão total do esquema e identificar outros possíveis envolvidos.
O caso segue sob sigilo, e novas medidas cautelares ou indiciamentos podem ser realizados conforme o andamento das análises dos documentos e dados coletados.
Deixe seu Comentário
0 Comentários