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Mudança climática causou 1.500 mortes em onda de calor na Europa em 2025

Estudo inédito atribui 65% dos óbitos ao aquecimento global, com idosos representando 88% das vítimas.

Mudança climática causou 1.500 mortes em onda de calor na Europa em 2025
Reprodução

Uma análise do World Weather Attribution (WWA) revelou que 1.500 das 2.300 mortes registradas durante a onda de calor na Europa entre 23 de junho e 2 de julho de 2025 foram diretamente causadas pelas mudanças climáticas. O evento, que elevou temperaturas em até 4°C acima do normal, afetou 12 cidades europeias, incluindo Paris, Madri e Milão.

Impacto sem precedentes

Esta é a primeira vez que pesquisadores quantificam em tempo real as mortes atribuíveis à crise climática durante um evento extremo. O estudo combinou dados do London School of Hygiene & Tropical Medicine com registros climáticos, mostrando que 65% dos óbitos foram causados pela ação humana no clima.

Friederike Otto, pesquisadora do Imperial College de Londres, afirmou: "Isso torna [a crise climática] mais real. Precisamos que os formuladores de políticas ajam". Ben Clarke, colega de instituição, alertou que "o calor perigoso está mais próximo de mais pessoas".

Vítimas e locais mais afetados

Dos mortos, 88% tinham 65 anos ou mais, revelando a vulnerabilidade dos idosos. Milão registrou o maior número absoluto (317 vítimas), enquanto Madri teve a maior proporção - mais de 90% de suas mortes por calor foram atribuídas às mudanças climáticas.

Cidades enfrentaram temperaturas recordes:

• Paris e Madri: 40°C

• Espanha/Portugal: 46°C

Consequências e falhas estruturais

O "domo de calor" causou efeitos em cadeia:

Incêndios florestais no Mediterrâneo

Reatores nucleares desligados na França e Suíça

Proibição de trabalho ao ar livre na Itália

Faltou preparo urbano: em Londres, a má ventilação de prédios piorou a situação; Madri sofreu com escassez de áreas verdes, intensificando ilhas de calor.

Alerta para o futuro

Com o aquecimento global em 1,3°C acima dos níveis pré-industriais, eventos assim deixaram de ser raros. Os cientistas alertam que ondas de calor serão mais frequentes e intensas sem ações drásticas, destacando lacunas nos planos de adaptação urbana.

O estudo envolveu especialistas do Imperial College London, London School of Hygiene & Tropical Medicine e Royal Netherlands Meteorological Institute, usando dados de centros europeus de climatologia e saúde pública.

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há 5 minutos

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