Pedido de vista adia análise de parecer sobre perda de mandato de Carla Zambelli na CCJ
Relator se manifesta contra cassação da deputada, que cumpre prisão na Itália aguardando decisão sobre extradição.
Um pedido de vista coletivo adiou, nesta terça-feira (2), a votação do parecer do deputado Diego Garcia (Republicanos) sobre a perda de mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL). O relatório, apresentado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, é contrário à cassação da parlamentar, que está presa na Itália.
Agora, a análise do documento só ocorrerá após duas reuniões do colegiado. A expectativa é que Zambelli e sua defesa sejam ouvidos na próxima sessão da comissão. O processo foi encaminhado à CCJ em junho pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos).
Contexto da condenação e situação atual
Carla Zambelli foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão, multa e perda do mandato pelo crime de invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Em julho, pouco antes da decretação de sua prisão, a deputada fugiu para a Itália.
Atualmente, ela está detida em Roma aguardando uma decisão da Justiça italiana sobre o pedido de extradição feito pelo Brasil. Uma audiência sobre o caso está marcada para esta quinta-feira (4). Em outubro, o Ministério Público da Itália emitiu parecer favorável à extradição.
Argumentos do relator contrário à cassação
Em seu parecer, o deputado Diego Garcia argumentou que não há certeza sobre a autoria de Zambelli no ataque aos sistemas do CNJ. O relator afirmou que a condenação se baseou em "alguns arquivos recebidos por e-mails" e no "testemunho dúbio" do hacker Walter Delgatti Netto, também condenado e preso pelo caso.
"Onde houver sombra de incerteza, se houver lacuna de prova, que prevaleça então o respeito ao voto de quase um milhão de brasileiros que a elegeram", escreveu Garcia. Ele ainda acusou o STF de perseguição política à deputada.
Próximos passos e requisitos para cassação
O relatório de Garcia precisa ser votado e aprovado pela CCJ antes de seguir para o Plenário da Câmara. Para a perda efetiva do mandato de Zambelli, é necessária a aprovação pela maioria absoluta dos 513 deputados, o que equivale a pelo menos 257 votos.
Em junho, o presidente Hugo Motta também comunicou ao STF o cumprimento da ordem de bloquear o salário e demais verbas parlamentares da deputada, conforme determinação judicial.
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