Proposta de reforma do Código Civil prevê mudanças em 897 artigos e gera polêmica
Alterações incluem direitos de casais homoafetivos, status jurídico de animais e limites para juros, dividindo especialistas
Um projeto de reforma do Código Civil brasileiro, que propõe alterações em 897 dos aproximadamente 2.000 artigos da legislação, está gerando intenso debate no meio jurídico e na sociedade. A proposta, que seria a maior modificação desde a entrada em vigor do atual código em 2002, aborda temas sensíveis como direitos familiares, relações contratuais e o status jurídico dos animais.
Entre as principais mudanças está o reconhecimento definitivo da união estável entre pessoas do mesmo sexo, a classificação de animais como "seres sencientes" (em vez de "semoventes") e a limitação de juros por inadimplência a 2% ao mês. No direito de família, a proposta permitiria o divórcio unilateral sem necessidade de ação judicial.
Impactos e controvérsias
Segundo Antonio Minhoto, doutor em Direito e professor universitário, "as mudanças são tão profundas que equivalem a uma refundação do direito privado brasileiro". Críticos argumentam que muitos conceitos propostos são vagos e podem gerar insegurança jurídica, enquanto defensores afirmam que apenas consolidam jurisprudências já estabelecidas.
O Código Civil já passou por mais de 60 alterações pontuais desde sua criação, como a recente Lei do Contrato de Seguros (15.040/2024). Porém, esta seria a primeira reforma estrutural, modificando quase metade dos artigos do diploma legal.
Principais pontos da reforma
Direito de Família: União homoafetiva reconhecida explicitamente; divórcio sem ação judicial; novas regras para guarda compartilhada.
Direito Animal: Animais como "seres sencientes", com direitos específicos à proteção contra maus-tratos.
Direito Contratual: Limite de 2% ao mês para juros moratórios; novas regras para contratos de adesão.
Especialistas divergem sobre o timing das mudanças. Enquanto alguns consideram as alterações urgentes para atualizar a legislação, outros temem que a amplitude da reforma possa causar instabilidade no sistema jurídico. O projeto ainda não tem data para votação no Congresso Nacional.
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