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Traficante Peixão lidera facção que mistura crime e religião no Rio de Janeiro

Traficante Peixão lidera facção que mistura crime e religião no Rio de Janeiro

Líder do Terceiro Comando Puro tem 79 registros criminais e usa narrativa religiosa para controlar território conhecido como Complexo de Israel.

Redação
Redação

9 de dezembro de 2025 ·

João Pedro da Silva Freitas, conhecido como Peixão, é apontado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro como o líder que transformou a facção Terceiro Comando Puro (TCP) em um império que combina poder bélico e controle social sob uma estética religiosa. Responsável pela criação do chamado Complexo de Israel, ele é um dos criminosos mais procurados do estado. Nesta terça-feira (9), parte de sua família foi presa ao tentar fugir do Rio, em uma ação que aumenta a pressão sobre sua rede de proteção.

O traficante, que tem 79 anotações criminais, consolidou seu poder na última década, adotando uma narrativa espiritualizada para justificar práticas de coerção e recrutamento. Investigações indicam que ele se apresenta como alguém "chamado por Deus" para liderar, utilizando a religião como instrumento de poder em um modelo que especialistas classificam como "neonarcopentecostal".

Estratégia de poder baseada em religião e violência

Peixão ganhou força dentro do TCP ao estruturar um território marcado por símbolos bíblicos e controle social. Ele teria perseguido religiões de matriz africana, incluindo ataques a terreiros e a expulsão de praticantes, para impor um modelo religioso alinhado à facção. Essa retórica ajudou a consolidar o domínio sobre a área conhecida como Complexo de Israel, na região da Avenida Brasil.

Entre as acusações registradas contra ele estão tráfico de drogas, associação para o tráfico, homicídios, tentativas de homicídio, porte de armas de uso restrito, tortura, extorsão e organização criminosa. O volume e a variedade dos registros reforçam a avaliação das autoridades de que ele é um dos líderes do crime organizado com maior capacidade logística e de articulação territorial no Rio.

Operações de segurança e tentativas de captura

Em fevereiro, a Polícia Militar realizou uma operação de grande porte no Complexo de Israel que resultou em intensa troca de tiros e no fechamento da Avenida Brasil. Um helicóptero da corporação foi atingido e veículos de transporte público foram alvejados. Fontes de segurança afirmam que foi um dos momentos em que as equipes estiveram mais próximas de capturar Peixão, quando criminosos chegaram a disparar contra civis para tentar dispersar os policiais.

Nesta segunda-feira (8), a Polícia Civil do Rio e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) deflagraram uma ação conjunta que interceptou familiares do traficante durante a tentativa de fuga do estado. A operação faz parte de uma estratégia mais ampla para enfraquecer a rede de proteção que sustenta o chefe do TCP e dificultar suas rotas de fuga.

Alvo prioritário e estrutura de defesa

Atualmente, Peixão integra a lista de alvos prioritários da Polícia Civil e da Polícia Militar. Sua captura é considerada estratégica para desarticular a estrutura financeira e logística do TCP. Além de comandar um forte aparato armado, o traficante mantém uma extensa rede de olheiros, bloqueios físicos e informantes, o que dificulta significativamente a entrada e a atuação das forças de segurança dentro do território controlado pela facção.

As autoridades avaliam que a combinação de militarização, vigilância, controle econômico e uso da religião como ferramenta de autoridade foi fundamental para o fortalecimento do domínio do TCP sobre áreas de grande movimento, onde são gerenciadas operações de drogas, armas e lavagem de dinheiro em larga escala.

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