O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou neste domingo (17/08/2025) em Bruxelas que está aberto a discutir a cessão de territórios atualmente controlados pela Rússia como parte de um acordo de paz. A declaração marca uma mudança significativa na postura de Kiev, que até então rejeitava qualquer concessão territorial.
Zelensky fez o anúncio após reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. As negociações poderiam ter como base a atual linha de frente, o que limitaria a cessão às áreas já ocupadas pelas forças russas, incluindo partes das regiões de Donetsk, Zaporíjia e Kherson.
Condições para o acordo
O líder ucraniano estabeleceu duas condições principais para iniciar as conversas: um cessar-fogo imediato e garantias de segurança equivalentes ao Artigo 5º da OTAN, embora sem adesão formal da Ucrânia à aliança militar. "Não podemos abrir mão da nossa segurança", afirmou Zelensky em coletiva de imprensa.
A Rússia mantém sob controle aproximadamente 400 km² em Sumi e Kharkiv, além de territórios nas quatro regiões anexadas em 2022. A Crimeia, ocupada desde 2014, não está incluída nas negociações atuais.
Propostas em análise
Duas hipóteses estão sendo consideradas: a cessão total de Donetsk em troca da devolução de áreas em Sumi e Kharkiv, ou uma troca de territórios ucranianos na região russa de Kursk por áreas sob domínio de Moscou. Fontes do governo ucraniano afirmam que qualquer acordo precisaria ser aprovado por referendo.
A abertura de Zelensky ocorre após a cúpula entre os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin no Alasca, onde Trump defendeu um acordo que incluía a cessão integral de Donetsk e Lugansk. Putin, por sua vez, mantém as exigências de desmilitarização e garantia de não ingresso na OTAN.
Reações internacionais
Ursula von der Leyen reiterou que mudanças de fronteira não podem ocorrer pela força, enquanto líderes europeus como Emmanuel Macron e Keir Starmer acompanharão Zelensky em visita a Washington nesta segunda-feira (18/08) para discutir o tema com Trump.
Analistas apontam que a Constituição ucraniana, que proíbe a cessão formal de terras, representa um obstáculo jurídico significativo para qualquer acordo territorial. Zelensky alertou que acordos feitos sem Kiev resultariam em "soluções sem efetividade".
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