Alcolumbre rompe com líder do governo após indicação de Messias ao STF
Senador do Amapá anuncia fim de relações com Jaques Wagner após escolha de ministro do STF contrariar seus interesses políticos
O senador Davi Alcolumbre (União-AP) anunciou o rompimento de relações com Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, após a indicação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal. A decisão ocorreu nesta quarta-feira e representa uma escalada nas tensões entre o governo Lula e parte do centrão no Congresso.
Alcolumbre defendia a indicação do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), seu aliado político que instalou na presidência do Senado após o término de seu próprio mandato. O parlamentar afirmou que "não tem mais relação nem institucional nem pessoal" com Wagner, em declaração que surpreendeu o Palácio do Planalto.
Interesses em jogo no Amapá
O rompimento ocorre em momento delicado para os interesses de Alcolumbre no Amapá, onde acompanha de perto as incursões da Petrobras na Foz do Amazonas. O senador vê na região a oportunidade de desenvolvimento econômico para seu estado, com potencial para produção de petróleo que poderia gerar recursos e votos em seu reduto político.
Até então, Alcolumbre mantinha com Lula uma relação mais amistosa que a observada na Câmara, liderada por Hugo Motta (Republicanos). O Senado vinha atuando como moderador das iniciativas mais ousadas da Câmara, tendo enterrado projetos como a PEC da Blindagem e preparado alterações no PL Antifacção.
Crise no Banco Master influencia cenário
Fontes em Brasília indicam que metade do mundo político está em polvorosa com a prisão de Daniel Vorcaro, dono do Banco Master e suspeito de liderar uma das maiores fraudes em instituição bancária do país. A insatisfação com as ações da Polícia Federal tem como alvo indireto o Ministério da Justiça e, consequentemente, o Governo Federal.
A pressão sobre Lula tem se intensificado, especialmente quando Flávio Dino, indicado do presidente ao Supremo, mexe nas emendas parlamentares. O clima lembra o período pré-impeachment de Dilma Rousseff, quando Eduardo Cunha rompeu com o governo antes de articular a queda da presidente.
Consequências do rompimento
Especialistas apontam que a reação de Alcolumbre parece desproporcional para uma questão de indicação ao STF, sugerindo que existem outras razões inconfessáveis para a crise. O rompimento com o líder do governo significa, na prática, um rompimento com o próprio governo, o que pode afetar a governabilidade no Senado.
A situação preocupa assessores do Planalto, que temem o fortalecimento de uma frente oposicionista no Congresso. Hugo Motta já indicou de que lado está na Câmara, e agora Alcolumbre começa a se pintar para a guerra no Senado, em movimento que pode isolar ainda mais o governo Lula.
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