Aluno tetraplégico recebe indenização de R$ 313 milhões por lesão em treino de jiu-jitsu

Academia recorreu até a Suprema Corte da Califórnia, mas decisão que condenou instrutor por negligência foi mantida.


Jack Greener, estudante de 23 anos, ficou tetraplégico após sofrer uma lesão durante treino na academia Del Mar Jiu Jitsu, em San Diego (EUA), em 2018. A Suprema Corte da Califórnia manteve em junho de 2025 a condenação que obriga o pagamento de US$ 56 milhões (R$ 313 milhões) em indenização.

O acidente ocorreu durante sessão de sparring supervisionada pelo instrutor Francisco Iturralde, conhecido como "Sinistro". Testemunhas relataram que uma técnica inadequada para iniciantes foi aplicada, causando fraturas cervicais e paralisia imediata.

Técnica considerada inadequada

Rener Gracie, especialista convocado no processo, afirmou que a movimentação envolveu pressão excessiva no pescoço e não estava entre os riscos normais do esporte. O vídeo apresentado no julgamento mostra Iturralde girando o corpo de Greener e forçando seu pescoço.

As consequências médicas incluíram tetraplegia incompleta, dissecção da artéria vertebral esquerda, trombose da artéria basilar e múltiplos AVCs. Greener passou meses hospitalizado e perdeu a formatura na faculdade, que ocorreria duas semanas após o acidente.

Longa batalha judicial

Em março de 2023, um júri determinou o pagamento de US$ 46,475 milhões, valor reajustado para US$ 56 milhões com juros. A academia recorreu, mas a sentença foi mantida pelo Tribunal de Apelações em 2024 e pela Suprema Corte estadual em 2025.

A indenização cobre despesas médicas, perda de renda e danos morais. A seguradora U.S. Fire Insurance Company, que recusou acordo inicial de US$ 1 milhão, foi obrigada a arcar com o pagamento após a condenação definitiva.

Impacto no esporte

O caso provocou mudanças em academias de jiu-jitsu nos EUA, que revisaram técnicas permitidas e adotaram protocolos de segurança mais rígidos. Greener, que hoje pratica esportes adaptados, tornou-se palestrante sobre o tema.

Esta é uma das maiores indenizações já registradas em processos civis envolvendo lesões em artes marciais nos Estados Unidos. O caso ainda pode ser analisado em esfera federal, mas não há atualizações sobre essa possibilidade.