Arautos do Evangelho lançam livro sobre intervenção do Vaticano desde 2017

A associação católica Arautos do Evangelho publicou o livro "O Comissariado dos Arautos do Evangelho - Crônica dos Fatos 2017-2025", que relata os bastidores da intervenção determinada pelo Vaticano há oito anos. A obra foi elaborada pelos especialistas Prof. Dr. José Manuel Jiménez Aleixandre, doutor em Direito Canônico, e Dra. Juliane Vasconcelos de Almeida Campos, doutora em Filosofia.

Segundo a instituição, a publicação surge após período de "silêncio prolongado" que colocou em dúvida a reputação da associação e de seus membros. A obra estava inicialmente destinada ao arquivo histórico da instituição, mas foi publicada devido à disseminação de informações falsas que teriam chegado à hierarquia vaticana.

Estrutura da obra

O livro está dividido em três partes principais: a primeira apresenta crônica detalhada dos fatos desde o início da intervenção, a segunda contém documentos comprobatórios e a terceira traz análise jurídico-canônica com libelos - acusações formais baseadas nas leis da Igreja Católica.

Entre os pontos abordados estão abusos de poder, arbitrariedades e ilegalidades por parte do Dicastério, além de prejuízos morais, econômicos, institucionais, pastorais e educacionais gerados pela intervenção. A instituição afirma que o Dicastério desconsiderou todos os relatórios favoráveis à instituição.

Contexto histórico

Em 2017, a então Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica determinou a intervenção nos Arautos do Evangelho. As medidas incluíram cerceamento de ordenações e proibição de hospedagem de jovens pela instituição.

Em 2024, duas cartas assinadas por S. Em.ª D. João Braz de Aviz, então prefeito do Dicastério, e Ir. Simona Brambilla, MC, secretária à época, proibiram a realização da Assembleia e dos Capítulos Gerais, afirmando que nomeariam especialistas para acompanhar o assunto.

Objetivo da publicação

Diante do que classificam como "linchamento midiático" com alcance internacional, os Arautos do Evangelho esperam que a obra sirva como "esclarecimento dos fatos" e "defesa da honra da instituição". A publicação busca apresentar versão oficial dos eventos ocorridos durante os oito anos de intervenção vaticana.