O pintor e escritor ítalo-brasileiro Antonio Veronese concedeu entrevista à Rádio França Internacional onde criticou duramente a arte conceitual contemporânea. O artista, conhecido por suas posições polêmicas, classificou obras de bienais como "farsismos" e "terrorismo estético".
Críticas às bienais
Veronese afirmou que instalações artísticas "deveriam estar na Disneyworld e não nos museus", comparando-as a atividades recreativas como boliche. "Os autores destes farsismos se trancam no banheiro e riem de nós", declarou o artista, que participou da Bienal de São Paulo em 2002.
Herança de Duchamp questionada
O artista chamou os conceitualistas de "filhos espúrios de Duchamp", argumentando que o urinol do artista francês foi uma consequência de sua busca pessoal, enquanto as obras atuais seriam "malandragem". "Defender que o urinol possa ser manipulado indefinitivamente é encenar a nossa própria decadência", afirmou Veronese.
Defesa da tradição artística
O pintor contrastou a arte conceitual com obras de mestres como Cezanne e Rembrandt, destacando a necessidade de "trabalho contínuo" na criação artística. "Para mim, há mais humanidade em uma simples aquarela de Egon Schiele do que em toda a Bienal de São Paulo reunida", declarou.
Incidente no Whitney Museum
Veronese relatou um episódio no Whitney Museum of American Art, em Nova York, onde incorporou sua bota a uma instalação de Tunga por 24 horas sem que ninguém notasse. "Isso seria impossível com uma tela de Bacon ou de Lucien Freud", argumentou, questionando o valor das obras conceituais.
Contexto histórico
O artista rejeitou comparações entre sua crítica e as rejeições sofridas pelos impressionistas no século XIX, afirmando que "a Arte precisa do espanto, mas só os idiotas se espantam com o ordinário". Veronese mantém ateliês no Brasil e na Itália, onde desenvolve sua obra pictórica tradicional.