Ciclone na Patagônia causa 5 mortes e gera nuvem de poeira no Brasil
Ventos de quase 200 km/h atingiram turistas durante trilha no Chile e fenômeno se espalhou por três países
Um ciclone extratropical que atingiu o Sul do continente americano nesta semana causou a morte de cinco turistas no Parque Nacional Torres del Paine, na Patagônia chilena. O fenômeno meteorológico avançou pelo Leste da Argentina, atingiu o Uruguai e chegou ao Sul do Brasil, gerando uma extensa nuvem de poeira de intensidade incomum.
As vítimas no Chile são um casal do México, um casal da Alemanha e uma mulher britânica, todos participantes de um grupo reportado como desaparecido na segunda-feira (17). Quatro outros excursionistas foram encontrados com vida, encerrando as buscas realizadas em condições meteorológicas excepcionalmente severas.
Condições extremas na trilha
O grupo foi surpreendido por ventos de quase 200 km/h, neve intensa e baixa visibilidade enquanto percorria o Circuito O, também conhecido como "volta completa". Esta é a trilha mais longa e exigente de Torres del Paine, com mais de 100 quilômetros e duração de oito a dez dias, atravessando áreas remotas com pouca conectividade.
A retirada dos corpos depende da melhora nas condições climáticas para permitir o voo de helicópteros da Força Aérea chilena. As equipes de resgate atuaram em circunstâncias extremamente adversas para localizar os desaparecidos.
Nuvem de poeira atinge três países
O mesmo ciclone extratropical gerou uma nuvem de poeira que se espalhou pela Argentina, Uruguai e chegou ao Brasil. Na terça-feira (18), o fenômeno provocou um céu acinzentado e condições semelhantes a neblina em Montevidéu e cidades do litoral uruguaio.
O Instituto Uruguaio de Meteorologia (Inumet) emitiu alerta sobre a presença de partículas na atmosfera que poderiam gerar "redução de visibilidade e tonalidade cinzenta no céu", especialmente em áreas próximas ao mar. Na Rambla de Montevidéu, moradores constataram a chegada da poeira pouco depois das 17h.
Fenômeno incomum no Brasil
Segundo a MetSul Meteorologia, a poeira chegou à costa do Rio Grande do Sul na manhã de quarta-feira (19), embora mais dispersa e pouco densa. No Litoral Norte gaúcho, era possível ver o céu azul com aspecto acinzentado durante a manhã.
"Normalmente, no Rio Grande do Sul, material particulado que chega ao estado vem de Norte, da fumaça das queimadas na Amazônia e do Centro-Oeste. Já material particulado vir de Sul é extremamente incomum", avaliou a MetSul em comunicado.
Na Argentina, cidades como Mar del Plata, Necochea e Tandil, na província de Buenos Aires, amanheceram sob uma camada de poeira na terça-feira. Moradores relataram redução de visibilidade e uma fina película de partículas sobre veículos e janelas. A cidade de Buenos Aires também registrou céu com aspecto opaco pela poeira em suspensão.
Ventos ultrapassaram 200 km/h
A nuvem se formou após fortes rajadas de vento que chegaram a 150 km/h em Comodoro Rivadavia e excederam 200 km/h em medições não oficiais de áreas petrolíferas argentinas. A intensidade e extensão do fenômeno foram consideradas incomuns pelos serviços meteorológicos da região.
Um exemplo histórico similar ocorreu em 2011, quando cinzas vulcânicas da erupção do vulcão Cordon Caulle, na fronteira da Argentina com o Chile, chegaram em sucessivos episódios ao Sul do Brasil e deram a volta ao mundo, suspendendo operações aéreas do Rio Grande do Sul à Austrália.
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