COP30 termina com avanços tímidos e críticas de especialistas sobre clima
Conferência em Belém adia decisões cruciais sobre combustíveis fósseis para 2026, abaixo do necessário
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP30) encerrou neste sábado (22) em Belém com resultados considerados insuficientes por especialistas e organizações ambientais. O evento, que reuniu representantes de mais de 190 países, terminou sem estabelecer cronogramas claros para eliminação de combustíveis fósseis e contenção do desmatamento.
O Brasil cumpriu suas promessas nacionais, mas o consenso global ficou aquém do necessário para enfrentar a crise climática com a urgência exigida pela ciência. A criação de um Mapa do Caminho para transição energética foi adiada para 2026, gerando críticas de ambientalistas.
Especialistas apontam insuficiência
Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, avaliou que "pro Brasil acho que foi um bom resultado, especialmente porque aquilo que ele disse que faria ele entregou. Agora, pro planeta, pro clima, as decisões ficaram muito distantes daquilo que a gente precisa".
Desde 2021, a Agência Internacional de Energia já alerta que não deveriam ser abertos novos poços de petróleo, evidenciando o descompasso temporal nas decisões.
Críticas ao texto final
O Greenpeace manifestou insatisfação com o acordo. Carolina Pasquali, diretora-executiva da organização, afirmou que "a decisão de criar os mapas do caminho tem gosto de prêmio de consolação. Permite que o trabalho continue, mas não é o avanço que o mundo desesperadamente precisa".
O Instituto ARAYARA emitiu posicionamento contundente: "Não existe 'transição justa' com novos projetos de petróleo e gás e com a manutenção de cadeias de commodities dependentes de desmatamento".
Avanços em participação social
Apesar das críticas ao acordo principal, a COP30 registrou progressos significativos em engajamento social. Foram homologadas quatro terras indígenas, somando 2,4 milhões de hectares protegidos, além de publicadas portarias declaratórias para outras dez áreas.
Mobilizações como a Marcha Global pelo Clima e a Cúpula dos Povos reuniram milhares de participantes, enquanto foram anunciados bilhões de reais em financiamento para proteção de florestas.
Legado e perspectivas futuras
Especialistas avaliam que o legado de participação social deve ter impactos positivos duradouros, mas alertam que o mundo continua distante do ritmo necessário para limitar o aquecimento global a 1,5°C.
O acordo final não prevê eliminação clara de combustíveis fósseis nem do desmatamento, permitindo que o governo brasileiro continue leiloando centenas de novos poços de exploração em áreas sensíveis como a Amazônia.
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