Diplomacia brasileira teve papel central em negociações climáticas da COP30
Itamaraty atuou como mediador em impasses sobre combustíveis fósseis até horas finais da conferência
A diplomacia brasileira exerceu função determinante nas negociações da COP30 em Belém, atuando como mediadora em discussões críticas até o último dia do evento. O embaixador André Corrêa do Lago liderou os trabalhos para destravar impasses, incluindo a tentativa de contornar a retirada do trecho sobre abandono de combustíveis fósseis do texto final.
O Brasil se tornou o centro das discussões climáticas globais ao sediar a conferência, que representa uma das principais bandeiras internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A atuação dos especialistas em relações internacionais foi avaliada como positiva por analistas, mantendo a tradição brasileira de alcançar consensos em fóruns multilaterais.
Histórico de participação em COPs anteriores
Em COP21 na França, o Brasil chegou com propostas concretas e assinou o Acordo de Paris, comprometendo-se a reduzir emissões de CO2 em 37% abaixo dos níveis de 2005 em 20 anos, chegando a 43% em 2030. O país também se comprometeu a reflorestar 12 milhões de hectares de florestas.
Na preparação para o evento, o então chefe da Divisão de Clima do Itamaraty, ministro Everton Lucero, demonstrou otimismo: "Nós hoje estamos tratando questões como mudança do clima, adaptação, redução de emissões, que são cada vez mais centrais ao processo de desenvolvimento".
Mudança de rumo em 2019
Em 2018, o Brasil oficializou candidatura para sediar a COP25, com o Itamaraty destacando o "papel de liderança mundial do país em temas de desenvolvimento sustentável". Porém, dois meses depois, o então presidente eleito Jair Bolsonaro anunciou a desistência, citando preocupações com a soberania sobre a região do Triplo A.
Bolsonaro afirmou na época: "Houve participação minha nessa decisão. Ao nosso futuro ministro, eu recomendei para que evitasse a realização desse evento aqui no Brasil". O projeto do Triplo A previa um corredor ecológico de mais de 200 milhões de hectares envolvendo a região amazônica de oito países.
Transição e nova abordagem
Em 2021, meses antes da COP26 em Glasgow, houve a troca do ministro do Meio Ambiente, com a saída de Ricardo Salles e posse de Joaquim Leite. O novo ministro manteve a promessa de cobrar mais de R$ 500 bilhões prometidos por países ricos.
Após a conferência, o Itamaraty emitiu nota afirmando que "os negociadores brasileiros atuaram de forma colaborativa na busca dos consensos possíveis" e que "o Brasil mostrou em Glasgow que é parte da solução para os problemas causados pela mudança do clima".
Contexto histórico da diplomacia climática
A reputação da diplomacia brasileira em negociações climáticas remonta às primeiras COPs, com participação ativa na construção dos principais acordos ambientais. O Itamaraty tradicionalmente adota postura de mediação e construção de pontes entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.
O corpo diplomático brasileiro é reconhecido internacionalmente por seu conhecimento técnico em questões ambientais e capacidade de negociação em fóruns multilaterais, características que foram determinantes no sucesso da COP30 em Belém.
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