EUA capturam petroleiro venezuelano com 1,9 milhão de barris em operação no Caribe
Ação marca escalada na pressão de Trump sobre Maduro e mira principal fonte de receita do regime chavista.
O governo dos Estados Unidos capturou o petroleiro Skipper na costa da Venezuela e anunciou que a embarcação será levada para um porto americano. A carga de cerca de 1,9 milhão de barris de petróleo será confiscada pelas autoridades, em uma operação que intensifica a pressão do presidente Donald Trump sobre o líder venezuelano, Nicolás Maduro.
A captura ocorreu na última quarta-feira (10) e foi confirmada pela Casa Branca na quinta (11). A porta-voz Karoline Leavitt afirmou que os EUA "têm a intenção de apreender o petróleo" e que seguirão o "processo legal" para isso. A ação representa uma nova frente na ofensiva americana, mirando diretamente a exportação de petróleo, última fonte confiável de receita do regime.
Operação mira rede clandestina de petróleo
A apreensão do Skipper foi ordenada por um juiz americano. O navio, que navegava com uma bandeira falsa da Guiana, já era alvo de sanções dos EUA desde 2022, quando era conhecido como MT/Adisa. Na época, foi acusado de fazer parte de uma rede que traficava petróleo para a Guarda Revolucionária do Irã e o Hezbollah.
Dados de localização mostravam o petroleiro perto da costa da Guiana, realizando manobras em zigue-zague para ocultar sua posição real. Helicópteros do Pentágono sobrevoaram a embarcação e soldados americanos desceram de rapel, interceptando o navio a 600 quilômetros a noroeste do ponto indicado, próximo à costa venezuelana.
Reações e impacto econômico
Nicolás Maduro reagiu à operação, acusando Washington de tentar "roubar" o petróleo venezuelano e afirmando que a tripulação estava "desaparecida". Karoline Leavitt, por sua vez, declarou que o navio passa por um "procedimento de confisco" e que uma equipe de investigação está a bordo interrogando a tripulação.
A ação já causa impacto no mercado clandestino. Pelo menos uma transportadora suspendeu viagens de três navios recém-carregados, totalizando quase 6 milhões de barris do petróleo tipo Merey, principal produto de exportação da Venezuela. Um executivo do setor disse à Reuters que os petroleiros agora aguardam ancorados na costa venezuelana, por segurança.
Contexto de sanções e mercado paralelo
Os Estados Unidos impõem sanções ao petróleo venezuelano desde 2017. Segundo a empresa de inteligência marítima Windward, há cerca de 30 petroleiros sancionados próximos à Venezuela que podem ser alvos de apreensão por usarem bandeiras falsas. Essas embarcações manipulam sistemas de identificação para ocultar suas localizações reais.
Michelle Weise Bockmann, analista sênior da Windward, afirmou à Associated Press que "centenas de petroleiros sem bandeira" têm sido "fonte vital de receitas para regimes como o de Maduro, o Irã e o Kremlin". O mercado clandestino cresceu após os embargos à Rússia em 2022, e Maduro tem usado essa rede para escoar a produção venezuelana.
Dependência do petróleo e próximos passos
Segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opec), a Venezuela aumentou a produção em 25% nos últimos dois anos. A commodity responde por 15% do PIB e 80% das exportações totais do país, sendo a China o destino de 80% desse petróleo.
A porta-voz da Casa Branca se negou a comentar operações futuras, mas afirmou que os EUA vão seguir executando as políticas de sanções. Fontes da Reuters indicam que o governo Trump planeja novas capturas de embarcações que transportam petróleo venezuelano, em uma estratégia que pode elevar os custos e riscos de se negociar com Caracas e impactar a estabilidade do regime de Maduro.
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