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Gerontologia: Brasil tem apenas dois cursos de bacharelado na área
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Gerontologia: Brasil tem apenas dois cursos de bacharelado na área

Profissionais atuam como gestores do cuidado integral da pessoa idosa em um mercado em expansão

Redação
Redação

20 de novembro de 2025 ·

O Brasil conta com apenas dois cursos de bacharelado em Gerontologia, oferecidos pela USP e UFSCar, para atender a uma população idosa que supera 32 milhões de pessoas. A formação prepara profissionais para atuar como gestores do cuidado integral da pessoa idosa, em um mercado que cresce mais rápido que a oferta de especialistas.

Dados do Censo 2022 mostram que o país tem mais de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, um aumento de 56% em relação a 2010. O grupo de 65 anos ou mais já representa 10,9% da população, com crescimento de 57,4% em pouco mais de uma década.

O que faz o gerontólogo

Segundo a gerontóloga Anabel Machado C. A. Pilegis, formada pela UFSCar, o profissional atua como um "gestor da jornada do envelhecer", conectando serviços, equipes, tecnologias e rotinas que garantam segurança, autonomia e qualidade de vida. "A Gerontologia é a ciência que estuda o processo de envelhecimento em todas as suas dimensões... física, cognitiva, emocional, social, cultural e familiar", explica.

Formação nas universidades

Na UFSCar, o curso é diurno e tem 3.270 horas, com 3.000 horas obrigatórias. A formação combina fundamentos biológicos, psicológicos, sociais e culturais, com práticas em serviços como UBS, Centros-Dia e ILPIs a partir do segundo ano. A USP, pioneira no país, trabalha com estrutura semelhante e currículo interdisciplinar.

O último ano é dedicado ao estágio de livre escolha e Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), permitindo que o estudante se aproxime da área de atuação que deseja seguir. A formação prepara para intervir em múltiplos níveis de cuidado, desde prevenção até reabilitação e gestão de serviços.

Mercado em expansão

O profissional encontra espaço em hospitais, ambulatórios, clínicas especializadas, Centros-Dia, Instituições de Longa Permanência (ILPI), equipes de atenção domiciliar e planos de saúde. Há também procura crescente em projetos de estimulação cognitiva, iniciativas comunitárias e programas de inclusão digital para pessoas idosas.

Setores de inovação e tecnologia têm criado oportunidades para desenvolvimento de soluções voltadas à longevidade. "Eu brinco que as empresas 'só' não sabem ainda que precisam da gente", comentou Anabel, destacando que a demanda avança mais rápido que a formação de profissionais.

Remuneração e impacto

O salário do gerontólogo varia entre R$ 3.000 e R$ 8.000 mensais, dependendo da função, carga horária e experiência. Nos concursos públicos municipais, os valores ficam entre R$ 3.000 e R$ 6.000, enquanto na área acadêmica, cargos de pesquisador em universidades públicas podem superar R$ 16.000.

O trabalho transforma o cotidiano da pessoa idosa ao promover autonomia, prevenir riscos como quedas e estimular participação social. Para as famílias, o impacto mais comum é o alívio, já que passam a compreender melhor a situação e recebem orientações práticas.

"Ver uma pessoa idosa evoluindo, uma família mais tranquila e um cuidado bem organizado me faz ter certeza de que escolhi a profissão certa", afirma Anabel, que atua em consultório, domicílio e online com estimulação cognitiva e inclusão digital 60+.

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