Protesto e denúncias
Estudantes da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) realizaram um protesto no campus Jardim Universitário, em Foz do Iguaçu, na noite de 18 de junho, em memória de Isabelly Baldin, aluna do curso de Medicina que faleceu dois dias antes. O ato reuniu especialmente alunos com deficiência, que denunciaram casos de bullying e falta de adaptações na instituição. Cartazes com frases como "Chega de capacitismo na UNILA" marcaram o protesto.
Relatos de perseguição
O H2FOZ teve acesso a mensagens trocadas entre Isabelly e o colega Diego Andrade, também autista e cadeirante, ao longo de 15 meses. Nas conversas, a estudante relatava perseguições de professores e colegas, além da dificuldade em obter adaptações curriculares garantidas por lei. "Já desisti de buscar meus direitos... ninguém se importa com você", escreveu ela em fevereiro de 2024, mencionando especificamente dois docentes que se negavam a implementar medidas de inclusão.
Resposta institucional
Em nota, a UNILA afirmou prestar "profundo pesar" pelo falecimento, mas condenou o que chamou de "exploração do falecimento" nas redes sociais. A universidade listou nove ações de apoio oferecidas a Isabelly, incluindo acompanhamento desde o ingresso, reformulação de plano de estudos, bolsa específica para PCDs e incentivo a atividades esportivas. A instituição destacou ainda ter mantido contato frequente com a família da estudante.
Contexto ampliado
Diego Andrade, que compartilhava a turma T9 com Isabelly, abriu inquérito na Polícia Civil com as denúncias da colega. Ele revelou que ambos e outros PCDs chegaram a ser ouvidos pela Polícia Federal em fevereiro como vítimas de discriminação. Nas mensagens, Isabelly expressava desejo de transferência para a UNIOESTE em Cascavel, onde teria apoio familiar, mas enfrentava resistência burocrática. "A Unila nem importa com nós alunos", desabafou em novembro de 2024.
Repercussão e próximos passos
O caso gerou intenso debate sobre a inclusão de neurodivergentes no ensino superior. Alunos presentes no protesto afirmaram que a situação de Isabelly não era isolada, citando outros casos de autistas que escondem seu diagnóstico por medo de retaliações. A UNILA afirmou continuar investigando o ocorrido e prometeu manter diálogo com os estudantes sobre políticas de inclusão.