PCC ordenou execução de ex-delegado por vingança, diz Ministério Público
Facção planejou assassinato durante meses com furto de veículos e aquisição de armamentos
O ex-delegado geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes foi executado a tiros em 15 de setembro por ordem do alto escalão do Primeiro Comando da Capital (PCC) como retaliação por sua atuação contra a facção ao longo de mais de 40 anos de carreira. O crime ocorreu na Praia Grande, litoral de São Paulo, quando a vítima saía da Prefeitura Municipal.
O Ministério Público de São Paulo ofereceu denúncia nesta sexta-feira (21) contra oito pessoas pelos crimes de homicídio qualificado, duas tentativas de homicídio, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, favorecimento pessoal e por integrar organização criminosa armada. A ação foi movida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Planejamento minucioso
Segundo as investigações da Polícia Civil, o PCC iniciou os preparativos para o assassinato em março de 2025, com furto de veículos, aquisição de armamentos e definição de imóveis para apoio logístico na Baixada Santista. O grupo criminoso emitiu uma "sintonia geral" - ordem interna da facção - para eliminar Fontes.
No dia do crime, os executores emboscaram a vítima e efetuaram dezenas de disparos com fuzis. Após a execução, os criminosos atearam fogo em um dos veículos utilizados e se dispersaram. O ataque também resultou em duas tentativas de homicídio contra pessoas que passavam pelo local.
Trajetória contra o crime organizado
Ruy Ferraz Fontes ingressou na Polícia Civil no início dos anos 1980 e atuou em unidades estratégicas como Denarc, Dope e Deic. No início dos anos 2000, passou a divulgar organogramas da estrutura do PCC e liderou, em 2006, o indiciamento da cúpula da facção, incluindo Marcos Camacho, o Marcola.
"Para elucidar os fatos, foram empregadas técnicas avançadas de investigação que permitiram reconstruir a dinâmica do crime e vincular os denunciados à execução", afirmou o Gaeco em nota oficial.
Denunciados e investigações
Foram denunciados como executores e participantes do plano: Felipe Avelino da Silva (Mascherano); Flávio Henrique Ferreira de Souza (Beicinho ou Neno); Luiz Antonio Rodrigues de Miranda (Gão ou Vini); Dahesly Oliveira Pires; Willian Silva Marques; Paulo Henrique Caetano de Sales (13 ou PH); Cristiano Alves da Silva (Cris Brown) e Marcos Augusto Rodrigues Cardoso (Pan, Fiel ou Penelope Charmosa).
Um nono envolvido, Umberto Alberto Gomes, de 39 anos, morreu durante as investigações ao resistir à prisão. As investigações continuam para identificar outros suspeitos já detectados, mas ainda não denunciados.
O Gaeco informou que continuará acompanhando as investigações da Polícia Civil, que prosseguem em relação aos demais envolvidos no crime.
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