Suíços rejeitam imposto sobre herança de 50% para super-ricos em referendo
Proposta para taxar fortunas acima de R$ 334 milhões e financiar clima foi derrotada por 78,3% dos votantes.
Os eleitores suíços rejeitaram, em referendo realizado neste domingo (30/11), a criação de um imposto de 50% sobre heranças de grandes fortunas. A proposta, que visava arrecadar recursos para combater as mudanças climáticas, foi derrotada por 78,3% dos votantes. Paralelamente, os cidadãos também votaram contra uma reforma no serviço militar obrigatório.
A iniciativa, chamada "Iniciativa para um Futuro", foi apresentada pela organização Jovens Socialistas (Juso), ala jovem do Partido Social-Democrata suíço. Ela previa tributar em 50% heranças de ativos superiores a 50 milhões de francos suíços (cerca de R$ 334 milhões). A receita seria destinada a financiar medidas de combate à crise climática e à reestruturação da economia.
Oposição argumenta com risco de fuga de capital
Uma ampla coalizão de partidos e associações empresariais fez campanha contra a proposta. O principal argumento foi o risco de os mais ricos emigrarem do país, o que, segundo os opositores, poderia reduzir a arrecadação geral de impostos. Atualmente, a tributação sobre heranças na Suíça varia entre seus 26 cantões (estados), sendo que a maioria não impõe taxas para cônjuges ou descendentes diretos.
"A receita seria utilizada para financiar medidas socialmente justas para combater a crise climática e a necessária reestruturação da economia como um todo", defendiam os proponentes da iniciativa.
Serviço militar obrigatório também mantém formato atual
No mesmo plebiscito, os suíços rejeitaram, por 84,2% dos votos, a proposta de "Dever Cívico". Ela previa estender o serviço obrigatório a todos os jovens, independentemente do sexo, para atuar nas Forças Armadas ou em funções civis em áreas como saúde e educação.
Atualmente, apenas os homens são obrigados a servir, podendo optar pelo serviço civil. As mulheres podem se alistar voluntariamente. A chefe do comitê a favor da mudança, Noemie Roten, defendia a proposta como um caminho para a "verdadeira igualdade", argumentando que o sistema atual é discriminatório.
Governo vê custos e necessidade logística como obstáculos
O governo suíço e os opositores da reforma militar argumentaram que dobrar o número de recrutas excederia as necessidades do país e duplicaria os custos do sistema. O ministro da Defesa, Martin Pfister, afirmou após a votação que "as mulheres, naturalmente, continuam a ter a opção de prestar serviço militar ou civil, se assim o desejarem".
Os críticos também destacaram que as mulheres já realizam a maior parte do trabalho não remunerado na sociedade suíça e que seria injusto exigir mais delas.
Deixe seu Comentário
0 Comentários