Pegadas de dinossauros de 100 milhões de anos são descobertas na Amazônia
Mais de 100 marcas fossilizadas indicam presença de quatro grandes grupos de animais pré-históricos em Roraima.
Pesquisadores da Universidade Federal de Roraima (UFRR) identificaram um extenso conjunto de pegadas fossilizadas de dinossauros na região da bacia do Tacutu, no município de Bonfim. A descoberta, apresentada no Simpósio de Geologia da Amazônia, configura o primeiro registro desse tipo já documentado em território amazônico.
O trabalho de campo, que durou cerca de 14 anos e incluiu aproximadamente 80 expedições, revelou mais de 100 marcas preservadas em rochas com idade estimada entre 103 e 127 milhões de anos. As análises apontam a passagem de pelo menos quatro grandes grupos de dinossauros pelo local durante o período de transição entre o Jurássico final e o Cretáceo inicial.
Diversidade e dimensões impressionantes
Entre os grupos identificados estão os ornitópodes (herbívoros bípedes), os saurópodes (de pescoço longo), os terópodes (predadores como os raptors) e os tireóforos (com placas ósseas). Até o momento, a equipe reconheceu seis morfotipos – padrões distintos de pegadas – e outros dois aguardam confirmação.
Algumas marcas individuais alcançam até 1,5 metro de extensão, aproximando-se das maiores pegadas já registradas no planeta. Certos rastros sugerem animais com mais de 10 metros de comprimento corporal. Além das pegadas isoladas, o sítio revelou trilhas fossilizadas com mais de 30 metros de extensão contínua.
Comportamento revelado pelas trilhas
As análises preliminares das longas trilhas permitem interpretar padrões de comportamento. Indicações sugerem que dinossauros herbívoros se movimentavam em grupos, possivelmente em migrações coletivas, enquanto predadores seguiam essas manadas.
Foram identificadas ainda marcas que sugerem movimentos de nado e escavações, reforçando a hipótese de que a região não era apenas uma rota de passagem, mas um ambiente habitado de forma contínua pelos animais pré-históricos.
Potencial para a paleontologia brasileira
A descoberta amplia significativamente o conhecimento sobre a presença de dinossauros na Amazônia, onde registros desse tipo eram praticamente inexistentes. Os pesquisadores ainda não podem identificar espécies específicas, pois não foram encontrados ossos ou outros fósseis associados às pegadas.
Para os especialistas da UFRR, o sítio em Bonfim se consolida como um dos mais promissores do país para estudos da paleofauna do Médio Cretáceo, com potencial para revelar novas informações sobre a ocupação do território brasileiro por esses gigantes da pré-história.
Deixe seu Comentário
0 Comentários